Delações da Odebrecht: Jorge Viana (PT) recebeu R$ 300 mil em São Paulo, diz delator

Chefe do setor de propinas, Hilberto Mascarenhas, disse que valor foi entregue a pedido de Emilio Odebrecht como apoio ao processo eleitoral de 2014.

G1

Inquérito 4393 – Hilberto Silva – Jorge Viana / Clique na imagem para ver vídeo – Foto/Captura

O ex-executivo Hilberto Mascarenhas, responsável pelo Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, setor responsável pelo pagamento de propinas, disse em depoimento de delação premiada, gravado em vídeo (veja acima), que o senador pelo Acre Jorge Viana (PT) recebeu R$ 300 mil em São Paulo (SP) no ano de 2014, direcionado ao processo eleitoral.

O delator afirmou que o valor foi repassado a pedido diretamente de Emilio Odebrecht, um dos donos da empresa. O encontro com o senador ocorreu, segundo Mascarenhas, em um hotel na capital paulista e visava combinar o “sistema de pagamento”. Mascarenhas diz que foi acompanhado de Fernando Migliaccio da Silva, também ex-executivo.

“Inclusive, esse acordo dizia que era para pagar em São Paulo. Então, eu fui muito mais para dizer a ele que o acordo estava autorizado, seria cumprido, e que a pessoa responsável por cumpri-lo era Fernando [Migliaccio] que eu levei comigo na reunião. Lá mesmo, eu combinava a forma e a data. Depois foi operacionalizado nos pagamentos”, relatou.

Mascarenhas reiterou que Jorge Viana era identificado como “menino da floresta”. Ele falou sobre o motivo da entrega não ter sido feita no Acre, base eleitoral de Viana. “Não tem condições de atender nenhum caixa dois no Acre. Então, a condição de apoiá-lo financeiramente foi ser em São Paulo”, acrescentou.

R$ 2 milhões

Na delação, o ex-executivo afirmou também que o codinome “menino da floresta” era o mesmo que estava em uma das planilhas, a quem foi pago R$ 2 milhões. Porém, não lembrava se a quantia foi entregue a Jorge Viana, dando a entender que o termo também podia estar se referindo ao irmão dele, Tião Viana (PT), atual governador do Acre.

“Não me recordo de ter pago esses R$ 2 milhões que estão nessa planilha registrado ‘menino da floresta’ a ele [Jorge Viana]. Paguei os R$ 300 mil que o dr. Emilio [Odebrecht] pediu. Mas foi feito [o pagamento]. Tenho certeza que foi para algum dos dois”, disse.

O que diz Jorge Viana?

Em nota, Jorge Viana disse: “A crise política vai se aprofundar, a partir de agora, com risco de paralisia institucional, porque todo o sistema político brasileiro está em xeque. Todas as legendas e expoentes partidários estão citados na lista do ministro Luís Edson Fachin, do STF, o que nos obriga, nesse momento, a nos explicarmos. Do PMDB ao PSDB, passando pelo meu partido, o PT, mas também o DEM, PSD, PSB, PRB e PP, todos os representados no Congresso estão envolvidos nesta crise. Muitos são acusados de corrupção, outros têm de se explicar sobre suas campanhas”.

“Sobre o envolvimento do meu nome e do governador Tião Viana, não há nenhuma denúncia de corrupção contra nós, mas questionamentos sobre a arrecadação da campanha em 2010. Vamos provar na Justiça o que dissemos antes: nossas campanhas foram dentro da lei e feitas com dinheiro limpo. Nada devemos e nada tememos. Confiamos na Justiça”. Por meio da assessoria, o senador acrescentou que em 2014 ele não era candidato.

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Publicado por
Alexandre Lima