Cruzeiro do Sul sedia IV Congresso Internacional sobre encarceramento feminino e redução de danos

Evento promovido pela Associação Elas Existem reunirá sociedade civil, instituições públicas e especialistas para debater alternativas ao sistema prisional a partir das experiências do Vale do Juruá

Com o tema “Reconhecer trajetórias do Vale do Juruá e a Redução de Danos como ferramenta de mudanças”, a Associação Elas Existem promoverá o IV Congresso Internacional em Cruzeiro do Sul, nos dias 27, 28 e 29 de maio, no Teatro dos Nauas. O evento reunirá representantes da sociedade civil, professores, defensores públicos e instituições ligadas à justiça e aos direitos humanos para discutir o encarceramento feminino e práticas de redução de danos.

A Associação Elas Existem atua no Acre desde 2021, com foco no acompanhamento jurídico e social de mulheres cis e trans encarceradas nos presídios de Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Rio Branco. De acordo com a coordenadora Caroline Bispo, o número de mulheres presas em Cruzeiro do Sul caiu de 60 para 23 desde o início das ações da entidade. Ela atribui essa mudança ao fortalecimento de políticas públicas no estado voltadas à população carcerária feminina.

Entre as iniciativas destacadas estão a implementação do Projeto Presídios Leitores (2021), o Consultório de Rua (2022), a criação da Central de Alternativas Penais (2023) e a inauguração da primeira Casa da Mulher Brasileira do Acre, também em Cruzeiro do Sul. “No Congresso, queremos mostrar que é possível pensar a abolição do sistema prisional por meio da escuta, da incidência política e do trabalho em rede”, afirmou Caroline.

A história do congresso começou em maio de 2022, quando a Associação realizou o 1º Congresso Sobre Encarceramento Feminino no Complexo Penitenciário do Juruá — o primeiro evento intramuros do Brasil — e no Teatro dos Nauas. O evento contou com a presença do professor e criminólogo Riccardo Cappi e das ativistas e escritoras Juliana Borges e Preta Ferreira.

Fundada em 2016 no Rio de Janeiro, a Associação Elas Existem escolheu atuar no Acre após identificar que, em 2014, 100% das mulheres encarceradas no estado eram negras ou pardas. À época, o Acre figurava como o estado proporcionalmente com o maior número de mulheres presas do país.

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Da Redação