Servidores, ex-funcionários e lideranças indígenas formalizaram uma denúncia contra a direção do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Alto Juruá, no Acre, atualmente sob a coordenação de Isaac da Silva Piyãko. A representação, apresentada ao Ministério Público Federal (MPF), relata uma série de irregularidades administrativas e pede a suspensão imediata do coordenador do cargo, além da quebra de seus sigilos bancário e fiscal.
Entre as acusações estão desvio de recursos públicos, improbidade administrativa, nepotismo, peculato, corrupção passiva, assédio moral, uso da estrutura da saúde indígena para fins eleitorais, além de manipulação de processos seletivos e favorecimento a aliados políticos. Quatro profissionais, incluindo dois dentistas, teriam sido recentemente demitidos sem justificativa para abrir vagas a apadrinhados políticos.
A denúncia também destaca problemas graves na gestão da unidade, que atende cerca de 20 mil indígenas em 163 aldeias de oito municípios e possui um orçamento anual estimado em R$ 13 milhões. Há relatos de pagamento de diárias sem viagens, uso de veículos pertencentes a servidores do próprio DSEI e gastos elevados com combustível, mesmo com frota reduzida.
Lideranças indígenas manifestaram indignação com as demissões e a precariedade no atendimento. O cacique Railson Nawa, do Rio Môa, criticou a falta de diálogo com o conselho distrital e denunciou o abandono nas Terras Indígenas: “A gente hoje está encurralado dentro dos territórios”. A conselheira distrital Valdenice Nukini também apontou a escassez de medicamentos e acusou o coordenador de usar a estrutura da saúde para fins políticos: “Ele está fazendo é campanha política”.
Isaac Piyãko, ex-prefeito de Marechal Thaumaturgo e ex-candidato a deputado estadual, negou as acusações. Sobre o nepotismo, afirmou que o caso já está judicializado antes de sua gestão. Em relação às demissões, defendeu sua prerrogativa de realizar substituições por “baixa produtividade”. Ele também negou irregularidades na contratação de veículos: “Quem acusa vai ter que provar”.
O caso está sob análise do MPF, que pode acionar a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal para aprofundar as investigações. Os denunciantes pedem proteção com base na Lei de Acesso à Informação.