Por Iryá Rodrigues
Em meio ao pior momento da pandemia, com ocupação de leitos acima de 90% nas unidades de saúde, o governo do Acre decidiu adotar uma medida ainda mais restritiva para tentar frear os casos de Covid-19 no estado. Dessa vez, Gladson Cameli decretou toque de restrição, que proíbe a circulação de pessoas em espaços e vias públicas das 22h às 5h.
_______________________
_______________________
O Acre já está com um decreto, que suspendeu o funcionamento do comércio durante os fins de semana e feriados, em vigor para tentar conter o avanço da Covid-19. A Saúde do Acre entrou em colapso e começou a transferir pacientes para Cruzeiro do Sul e Manaus, sendo que três foram para o estado vizinho na sexta (19). Além disso, o estado acreano segue na bandeira de emergência, representada pela cor vermelha.
Além da proibição de circulação pelo período de 7h por dia, o governado antecipou o pagamento do salário de março, para o próximo dia 29, e revogou o ponto facultativo no dia 1º de abril, referente à Quinta-Feira Santa.
O descumprimento da medida autoriza que o infrator seja levado à autoridade policial para providências cabíveis. Ainda de acordo com decreto, as forças de segurança devem intensificar as operações de fiscalização.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o governador Gladson Cameli explicou sobre a medida tomada e pediu que a população mantenha os cuidados sanitários. Ele afirmou que as restrições também afetam o governo, mas que são necessárias nesse momento.
“Quero todos vivos e bem, por isso, como mais uma medida para diminuir a proliferação do vírus, faremos um toque de restrição a partir desta sexta. Quero lembrar que o governo também perde muito com as restrições das atividades. Mas, é hora de pensar menos no eu e mais em nós. Pense na pessoa que você ama, multiplique por mil, esse é o tamanho da dor das pessoas que perderam seus familiares por causa dessa doença”, disse.
Inserido na lista de estados em situação de ‘alerta crítico’ da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Acre avalia a sugestão da fundação de restringir o funcionamento das atividades não essenciais por 14 dias. Essa avaliação é feita pelo Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 do estado acreano.
Por causa da lotação de leitos de UTI para tratamentos de Covid-19, a Fiocruz sugere que os estados devem restringir todas as atividades não essenciais por 14 dias, com exceção do Amazonas e Roraima.
A recomendação foi divulgada nesta terça-feira (23) no “Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz”. Além de sugerir a restrição das atividades para buscar a “redução de cerca de 40% da transmissão”, os especialistas pedem o uso obrigatório de máscaras por pelo menos 80% da população.
A Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) confirmou que essa possibilidade da Fiocruz é estudada pelo Comitê, mas que não há nada certo até o momento. “Existe essa possibilidade, porém, não é nada certo ainda”, resumiu o secretário de Saúde do Acre, Alysson Bestene.
No Pronto Socorro de Rio Branco, de todos os 30 leitos de UTI disponíveis na unidade 28 estão ocupados. Nessa quarta (24), a direção do PS bloqueou temporariamente dois leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por falta de profissionais. Ainda segundo a direção, alguns profissionais estão afastados por motivo de doença.
No Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC) dos 50 UTIs disponíveis 46 têm pacientes em tratamento.
A capital acreana tem 16 pacientes com Covid-19 na fila à espera de um leito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Também nessa quarta, o estado acreano registrou 66.290 casos de Covid-19 e 1.210 óbitos pela doença.