Com garrafas PETs, médica e amiga criam protetores faciais para funcionários de hospital de Xapuri

Cidade de Xapuri começou a registrar casos da doença nesta semana. Ao todo, foram produzidos 146 EPIs.

Com garrafas PETs, médica e amiga criam protetores faciais para funcionários de hospital no AC — Foto: Arquivo pessoal

Por Tácita Muniz

No combate contra o coronavírus, os equipamentos de proteção individual (EPIs) são armas essenciais, mas, devido à grande demanda dos casos em todo o país, muitas vezes, ele pode ficar escasso.

Então, a médica Luciana Nogueira da Silva, do Hospital de Xapuri, no interior do Acre, teve a ideia de reunir uma galera do bem para fazer protetores faciais usando algo simples: garrafas PETs.

Ela conta que os EPIs não chegaram a faltar no hospital onde trabalha, mas que ficou preocupada se todos os servidores teriam acesso ao equipamento. Foi aí que ela que começou a se movimentar para que todos da unidade pudessem ficar protegidos e encontrou no artesanato a saída para concretizar a ideia.

“A minha preocupação era que todos pudessem se proteger da melhor maneira, desde o porteiro, ao profissional de saúde, pessoal da limpeza e lavadeiras. Então, comecei a pensar em como isso poderia ser feito”, conta.

Foi quando ela decidiu procurar a amiga Judinéia Moreira, funcionária pública, que também trabalha com artesanato.

“O medo desta doença tão desconhecida, sem vacina, sem remedinho milagroso que a cure, e que tanto mata, me fez perder noites de sono e pensar como nós, profissionais de saúde, estaríamos mais protegidos. Tive a ideia de confeccionar protetores faciais, já que olhos e boca são as principais porta de entrada desse vírus. Compartilhei esse sonho com a Judy Moreira e imediatamente ela sonhou comigo!”, disse em uma postagem no Facebook ao agradecer à amiga.

Depois da ideia, a internet ajudou. Foi no Youtube, que elas se inspiraram para fazer o protetor facial, mas, ainda falta algo essencial: a matéria-prima.

“Entramos com em contato com a fábrica de refrigerantes Quinari, que fica em Senador Guiomard e eles doaram as 146 garrafas PETs. Até sugeri que eles mandassem as garrafas que eram descartadas depois do teste de qualidade, mas deles disseram que fariam as garrafas para isso”, conta.

Uma ação da médica gerou uma rede de solidariedade. Isso, antes mesmo da cidade registrar os primeiros casos. Até esta quinta-feira (30), a Secretaria de Saúde contabilizava oito casos na cidade, mas a prefeitura fala em nove.

Doações foram feitas a hospital e também postos de saúde — Foto: Arquivo pessoal

Com o material em mãos, as duas amigas se armaram com papel EVA, elástico e o acrílico das garrafas.

Toda a estrutura foi pensada para que o equipamento fosse seguro e também confortável. Então, as doações foram feitas e não só no hospital onde a Luciana trabalha, mas também outras unidades de saúde.

“Doei 106 para o hospital e mais 140 para a Secretaria Municipal de Saúde para distribuírem nos postos de saúde da cidade. E aqui todos os servidores, desde portaria até limpeza, receberam”, conta animada.

Fábrica de refrigerantes ajudou com doações de garrafas PETs — Foto: Arquivo pessoal

O protetor facial criado pelas amigas é reutilizável após higienização. Também seguiu à risca o padrão de segurança e foi um reforço para àqueles que estão linha de frente contra o vírus.

Como médica, Luciana faz um apelo e diz às pessoas que o isolamento social, neste momento, é mais do que uma obrigação, mas um ato de respeito e amor.

“Eu diria que a única medida que temos para controlar esse vírus é ficar em casa, ficar isolado e isso tem que ser muito bem claro. Queria que as pessoas levassem mais a sério, porque o ato de sair coloca a vida das pessoas em risco; sua vida, a da outra pessoa e a dos profissionais de saúde. Eu espero que o cenário mude logo, mas, para isso, precisamos da ajuda de todos”, finaliza.

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Publicado por
G1 Acre

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