Com 3,5 milhões de bovinos, Acre se torna livre da aftosa sem vacinação; ‘novas perspectivas’

Acre deve ser reconhecido como área livre da aftosa — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Por Alcinete Gadelha

Após mais de 15 anos de se tornar livre da aftosa, o Acre alcançou o status sanitário de livre da doença sem vacinação.

O reconhecimento ocorreu por meio da assinatura de uma instrução normativa pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nesta terça-feira (11).

Em março deste ano, o estado tinha passado por uma auditoria para se tornar zona livre da aftosa sem vacinação, mas não foi aprovado. Agora, quatro meses depois, com a nova avaliação, foi reconhecido.

“O rebanho acreano já é reconhecido, as pessoas vêm de longe buscar esse gado justamente pela qualidade e excelência dessa carne e isso só vem a somar. Acreditamos que em um curto espaço de tempo vai implicar também em grandes melhorias, aperfeiçoamento da cadeia produtiva tanto das indústrias como da pecuária em si e também acreditamos que trará novas perspectivas de mais empregos que o nosso estado tanto precisa”, disse o presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), José Francisco Thum.

O Acre tem um rebanho estimado de 3,5 milhões de bovinos e, ao longo do ano, o estado chega a movimentar R$ 1,5 bilhão e com o novo status, o agronegócio abre novas portas e pode alcançar mercados mais exigentes e que pagam mais.

“Esse processo é histórico, faz parte da história da pecuária do Acre desde a década de 70 quando começaram a chegar aqui os primeiros pecuaristas e depois os próprios acreanos foram se engajando e foram se tornando grandes pecuaristas. Esse caminho vem sendo trabalhado por essas cinco décadas e, felizmente, a gente teve agora a felicidade do ápice dessa questão”, acrescentou Thum.

Processo

O Acre passou por um processo até ser reconhecido como área livre da aftosa. Ainda em 2019, o estado recebeu uma quantia de R$ 2 milhões para investir na melhoria das unidades no estado.

Em março, equipes do governo federal fizeram as últimas vistorias relacionadas à estrutura física, controle e de pessoal para saber se estavam adequadas para garantir a vigilância sanitária da produção de gado.

Já nesta segunda vez, a auditoria ocorreu por meio de vídeoconferência, no mês de julho, e depois foi encaminhada a documentação para o Ministério. O presidente disse que o próximo passo é preparar para a auditoria da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) que deve ocorrer no ano que vem, para que o estado receba o selo definitivo.

Com a mudança vêm as oportunidades. Thum afirma que ainda não foi feita uma projeção de quanto pode aumentar a movimentação financeira, mas que esta deve ser uma consequência.

“Estimativa exata ninguém tem, mas com certeza haverá uma grande valorização com esse novo status sanitário. Tanto que hoje pela manhã pessoas de São Paulo, Mato Grosso estavam me ligando, isso para a gente ter noção da dimensão que isso toma a nível de Brasil”, concluiu.

Suspensão da vacinação

A primeira etapa da vacinação contra a febre aftosa, que seria no mês de maio, foi suspensa no Acre pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa). Mesmo assim, os pecuaristas precisam declarar o rebanho e, por isso, o órgão estuda uma maneira para que isso seja feito pela internet. O prazo para envio das declarações começa dia 1º de maio e segue até 15 de junho.

Mas, mesmo com a vacinação suspensa, o estado continuou com as ações para ser certificado como área livre de aftosa sem vacinação.

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Publicado por
G1 Acre