Por France Presse
“Foi solicitada a construção de uma cerca linear […] para evitar que as pessoas cheguem à cidade sem passar pela migração”, disse Adrián Zigaran, interventor da cidade de Aguas Blancas.
De acordo com o interventor, a cerca terá 2,50 metros de altura e ficará no trajeto entre a aduana argentina e um terminal de ônibus. A grade estará antes do acesso ao rio Bermejo, que é a fronteira natural entre Argentina e Bolívia.
O rio Bermejo está dentro da chamada “Rota da droga”, segundo o Ministério da Segurança argentino. Mas também é usado por argentinos que compram produtos mais baratos na cidade boliviana de Bermejo, em frente à Aguas Blancas, e depois retornam à Argentina.
“Passam ares-condicionados, geladeiras de duas portas, eletrodomésticos de última geração, como 10 viagens por dia. A verdade é que estão rompendo o tecido comercial de Orán e do norte argentino com esse descontrole de importação de mercadoria ilegal”, assinalou Zigarán.
Zigaran anunciou a cerca pela primeira vez no dia 24 de janeiro. A medida provocou reações da diplomacia boliviana.
Em um comunicado emitido no domingo (26), o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia expressou “preocupação” pelo anúncio.
As autoridades bolivianas afirmaram ainda que temas fronteiriços devem ser tratados por mecanismos de diálogo bilaterais, pois “qualquer medida unilateral pode afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica entre povos irmãos”.
A construção da cerca se insere no “Plano Güemes”, que o governo de Javier Milei lançou em dezembro do ano passado para “combater os crimes federais”.
A Argentina está adotando medidas para conter o tráfico de drogas na fronteira da província de Salta, no norte do país. As cidades que estão no foco das ações ficam a cerca de 1.600 quilômetros de Buenos Aires.