Brasil

Chico Mendes, mártir da Amazônia, completa 37 anos de assassinato com legado vivo e apropriado politicamente

Seringueiro e líder ambientalista, cuja morte ganhou repercussão mundial, segue como símbolo global da luta pela floresta, bandeira historicamente explorada pela esquerda

O assassinato de Chico Mendes provocou comoção nacional e internacional, evidenciando a violência no campo e os riscos enfrentados por defensores do meio ambiente no Brasil. Foto: captada 

Há 37 anos, em 22 de dezembro de 1988, um tiro na porta dos fundos de sua casa em Xapuri calou a voz de Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, mas transformou sua história em símbolo global da luta ambiental e social. O seringueiro, sindicalista e ambientalista, assassinado em meio aos conflitos agrários que marcavam o Acre no final dos anos 80, completaria 81 anos neste mês, mas sua morte precoce o eternizou como mártir da Amazônia e ícone de causas apropriadas por movimentos de esquerda no Brasil e no exterior.

Nascido em 1944, Chico Mendes dedicou a vida a organizar os seringueiros e a defender um modelo de desenvolvimento que conciliasse conservação e subsistência das comunidades tradicionais. Ficaram famosos os “empates”, ações pacíficas em que homens, mulheres e crianças formavam barreiras humanas para impedir a derrubada da floresta. Sua atuação ganhou projeção internacional, pressionando governos e colocando o foco mundial sobre a devastação amazônica.

Sua principal contribuição foi a defesa das reservas extrativistas, um modelo inovador que garantia o uso sustentável da terra por populações locais. A proposta, inicialmente combatida, tornou-se política pública e referência mundial. Sua morte brutal, encomendada por fazendeiros da região, expôs a violência no campo e a perigosa rotina dos defensores ambientais no Brasil.

Três décadas e meia depois, o legado de Chico Mendes é inegável: seu nome batiza unidades de conservação, premiações, institutos e leis. No entanto, sua imagem e sua causa foram amplamente incorporadas ao repertório de partidos e movimentos de esquerda, que usam sua história como bandeira de mobilização política — frequentemente distanciando-a do contexto sociopolítico complexo de seu tempo.

Mais do que um herói local, Chico Mendes tornou-se um patrimônio simbólico, lembrado todo ano não apenas como vítima, mas como fundamento de uma narrativa maior: a da resistência popular contra a exploração predatória, bandeira que segue viva e politicamente ativa no debate ambiental contemporâneo.

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Publicado por
Marcus José