Com Atual
O Departamento do Amazonas, que equivale a um estado, registra 1.373 casos de HIV em cinco anos. Desses, 272 são de crianças e adolescentes. Localizado na Amazônia peruana, está a 991 quilômetros da capital Lima. A região é habitada por indígenas e os casos notificados são de vítimas de violência sexual, segundo o site de notícias Ojo Público.
Para Lino João Neves, antropólogo indigenistas e professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), os casos de HIV em comunidades indígenas é um de tantos problemas que afetam os povos originários.
“O aumento de casos de doenças sexuais e de outros tipos nas comunidades indígenas é um fato que está relacionado com a entrada descontrolada de pessoas não indígenas nesses locais. Além disso, essas comunidades estão situadas em lugares dominados pelo garimpo e pelo narcotráfico, no Brasil e no Peru”, diz Lino.
No Amazonas peruano habita o povo indígena Awajún, em que as mulheres são as mais afetadas pelo HIV.
“A atenção de saúde às comunidades indígenas é muito precária porque os tratamentos foram abandonados nas aldeias. Hoje há alguma atenção a eles somente nos pequenos núcleos urbanos. Esses povos, tanto no Peru e também no Brasil, não são considerados como parte integrante desses países”, diz o antropólogo.
Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), em 2023 foram registrados 23 casos de violência sexual contra indígenas no Brasil, cometidos contra crianças e adolescentes entre cinco e 14 anos de idade. No relatório aparece o Amazonas com dois casos.
“As meninas e mulheres indígenas continuaram sofrendo violências sexuais praticadas pelos garimpeiros estabelecidos ilegalmente no interior da terra indígena. Situações de aliciamento e de troca de sexo por comida ocorreram reiterada e cotidianamente naquela região”, diz relatório do Cimi, sobre os abusos relatados nas terras indígenas Yanomami em Roraima e Amazonas.
“Será que o estado não sabe que as comunidades indígenas não estão sendo invadidas pelo narcotráfico e por garimpeiros que levam doenças”, questiona Lino João Neves.