Em um desdobramento do caso que envolve a morte de um cachorro em Epitaciolândia, a tutora do animal acusado de invadir o quintal vizinho, Tânia Ellia de Souza, médica e mãe, se pronunciou afirmando ter agido para defender sua família. Em resposta às acusações de maus-tratos, Tânia alega que a agressão ocorreu em meio a uma situação de perigo, onde o cachorro vizinho teria atacado seus próprios animais de estimação e ameaçado a segurança de seus filhos. O Ministério Público do Acre (MPAC) acompanha o caso e está em análise para determinar as providências adequadas, dando continuidade às investigações conduzidas pela Polícia Civil de Epitaciolândia.
De acordo com Tânia, a situação relatada na noite de 29 de outubro ocorreu após uma série de eventos que expuseram sua família a ameaças contínuas por parte do animal vizinho, descrito como “muito agressivo” pela médica. Em seu depoimento, ela afirma que o cachorro de Jaaziel Thallon de Souza Pupio, conhecido como Abílio, teria escapado novamente do quintal, invadindo sua propriedade e atacando seus próprios cães, filhos humanos e até sua neta pet, conforme mencionado.
“Acordei com os gritos do meu filho (humano) sendo atacado pelo cachorro do vizinho mais uma vez”, detalhou Tânia. Ela explica que, ao ouvir o tumulto e temendo pela segurança dos filhos e pets, pegou um pedaço de madeira para defender a todos. “Como mãe, fiz minha obrigação, defendi a minha família”, declarou.
Tânia também narra que, anteriormente, esse mesmo cachorro já havia invadido seu quintal em outras ocasiões, inclusive matando um de seus cães adotados, chamado Maylon, que faleceu devido aos ferimentos. Ela alegou ainda que a cerca entre as propriedades foi danificada por uma árvore derrubada pelo vizinho, deixando uma barreira fragilizada entre os dois quintais.
Em seu relato, Tânia questiona a maneira como o caso foi divulgado por veículos de imprensa locais, afirmando que as reportagens não apresentaram imparcialidade. A tutora se disse “chocada” com a cobertura que, segundo ela, expôs seu nome e colocou em risco o bem-estar de seus filhos menores, que, segundo ela, passaram a ser alvo de ameaças. “Para quem me conhece, não há necessidade de esclarecer nada. Para quem não me conhece, sou Tânia, médica, mãe de três filhos humanos, mãe de quatro pets e avó de nove filhotinhos”, acrescentou.
Tânia também questionou o compromisso da imprensa local com a imparcialidade e a responsabilidade, considerando que a exposição pública do caso poderia ter sido tratada de forma mais cautelosa.
O Ministério Público do Acre, por meio da Promotoria de Justiça Cumulativa de Epitaciolândia, está acompanhando a investigação do caso, registrando interesse na devida apuração dos fatos e na verificação das condições da denúncia de maus-tratos ao animal. As autoridades locais informaram que, com base na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), o caso será avaliado para determinar se as ações realizadas por Tânia configuram crime ou foram resultado de uma situação de legítima defesa de seus familiares e de seus próprios animais.
Pelo artigo 32 da Lei 9.605/98, qualquer ato de maus-tratos contra animais pode resultar em pena de três meses a um ano de detenção, além de multa, podendo a punição ser aumentada em casos de morte do animal. A defesa de Tânia, no entanto, se sustenta na ideia de que ela teria agido em legítima defesa de sua família e de seus pets, e o Ministério Público do Acre deverá avaliar essas circunstâncias antes de definir as medidas cabíveis.