Cotidiano

Bibliotecária recebe transplante ósseo 11 anos após acidente no Acre: ‘Sonho realizado’

Conheça a história de Nerian Brito, de 45 anos, que foi a primeira paciente a passar por este tipo de procedimento no estado. Após a doação, ela se recupera

Nerian Brito, celebra conquista após receber primeiro transplante ósseo no Acre. Foto: Foto: Gleison Luz/Fundhacre

“É um sonho realizado na minha vida”. Foi o que disse a bibliotecária Nerian Brito, de 45 anos, após se tornar a primeira paciente a receber um transplante ósseo, no Acre.

A bibliotecária foi atropelada quando caminhava na capital acreana em 2014. Desde então, a rotina ativa dela teve de ser adaptada. Ela passou a ter dores crônicas, mobilidade reduzida e uma longa espera pela chance de voltar a andar.

Nerian foi socorrida e encaminhada ao Pronto-Socorro (PS) de Rio Branco em estado grave, com fratura nas duas pernas, perda de tecido, principalmente ósseo. Ao todo, foram 61 dias internada e 18 cirurgias e enxertos, com rejeição do corpo aos procedimentos. Ela lembra os sentimentos de medo e tristeza durante esse tempo.

“Foram momentos bem difíceis. O tempo que eu estava lá, fiz quatro procedimentos cirúrgicos, inclusive, por duas vezes tive risco de amputação por conta de complicações que deram na perna. O tecido ainda necrosou, mas, graças a Deus que a infecção não atingiu o tecido ósseo”, relatou.

Transplante ósseo

Sendo assim, apenas o transplante de tecido ósseo poderia resolver o problema, segundo os médicos. À Rede Amazônica, o médico ortopedista e traumatologista Rodrigo Vick explicou como esse tipo de procedimento é feito.

Segundo especialistas, o transplante de tecido ósseo é indicado para pessoas que sofreram traumas graves, fraturas complexas ou doenças que venham comprometer a estrutura dos ossos.

“No transplante de tecido ósseo e músculo esquelético, quando o paciente tem uma perda de osso pequena, a gente ainda consegue tirar um pouquinho de osso da bacia do paciente. Ou seja, o próprio paciente doa pra ele mesmo assim. Mas são quantidades pequenas. Quando o paciente precisa de muito osso, nós precisamos então de material de transplante, através de doadores”, garantiu.

11 anos de dor

Após 11 anos de dificuldades, com uma gravidez neste intervalo, enfim ela recebeu a notícia que lhe ajudaria a se recuperar dos ferimentos.

Como Nerian não poderia deixar o estado para passar pelo procedimento, devido à necessidade de cuidar dos filhos, a cirurgia foi feita na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre). Assim, ela se tornou a primeira paciente no acre a passar pelo transplante ósseo, no dia 3 de junho de 2025.

Cerca de três meses após o procedimento, ela já anda normalmente sem a ajuda de muletas ou cadeira de roda, tendo então, sua vida de volta ao normal. Agradecida, ela conta a sensação de poder reparar as sequelas do acidente sofrido em 2014.

” Fiquei muito feliz porque eu não tinha esperança de fazer essa cirurgia, aqui, praticamente em casa, sem ter que me ausentar dos meus filhos”, acrescenta.
Setembro Verde

A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), anualmente promove a campanha Setembro Verde. A ação que busca conscientizar a população sobre a doação de órgãos e tecidos, e que pode salvar mais de 40 pessoas, segundo o ortopedista Rodrigo Vick.

No transplante do músculo esquelético, o tecido captado, passa por um processo em laboratório, e depois segue para o armazenamento, podendo ser utilizado em até 5 anos.

Quando transplantado, não há risco de rejeição, e em casos como de Nerian, pode até mesmo evitar a amputação de um membro.

“Um doador de tecido músculo esquelético, pode ajudar até mais de 40 pessoas, porque são vários tendões que podem ser utilizados, vários fragmentos ósseos que nós podemos usar. No tecido músculo esquelético a consegue melhorar a qualidade de vida de um número maior de pessoas.” afirma o médico.

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G1 Acre