Marcus José com Aline Nascimento, G1/Acre
A autônoma Queila do Santos chorou ao falar do neto de três meses vendido por R$ 2.000 mil. Queila é mãe da adolescente de 16 anos que vendeu o próprio filho alegando problemas financeiros. Em conversa com a reportagem, nesta quinta-feira (11), a autônoma diz que não sabia da negociação e revelou que a filha nunca quis a criança.
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A Polícia Civil informou que já ouviu a mãe e a mulher que comprou a criança. Os envolvidos aguardam o inquérito ser concluído em liberdade. O caso é tratado como uma subtração de incapaz. A mãe alegou que estava com problemas financeiros e por isso vendeu o bebê sob a promessa que teria livre acesso ao menino. Porém, o casal deixou a capital acreana com o bebê e a adolescente procurou a polícia para denunciar o caso.
A criança foi encontrada pela Polícia Militar do Acre (PM-AC) no dia 9 em um hotel da cidade de Brasileia, interior do Acre, com a mulher que fez a negociação. Segundo a polícia, o bebê foi vendido no dia 3 deste mês, mas a adolescente só procurou a delegacia no dia 5.
A avó diz que a filha saiu de casa com a criança em um táxi na quarta (3). A filha teria retornado para casa apenas na tarde de quinta (4) sem o filho. Queila falou que perguntou pela criança e ouviu da adolescente que uma mulher tinha sumido com ela.
“Mandaram um táxi buscar ela em casa com a criança. Eu tinha saído para casa da minha sogra, quando ela arrombou uma porta de casa para pegar os documentos do bebê porque ficam comigo. Arrombou, pegou o documento que estava na minha bolsa e levou a criança. Na manhã do dia 4, a mulher saiu com a criança e ela disse que foi trancada dentro de casa pelo Maikon [Pastor]”, explicou.
As duas mulheres que estavam no hotel com a criança e com o registro de nascimento, mas, não era a mãe biológica, foram conduzidas à delegacia do Município de Brasiléia – Acre, onde relataram que haviam comprado a criança por R$ 2000 reais, além de terem tido ajuda de um pastor evangélico identificado pelo nome de Maicon.
A criança do sexo masculino que tem apenas três meses de vida, estava com a mulher identificada pelo nome de Andjara Ivanovite Gomes (20). Esta estava na companhia de outra identificada como Jocelita Zora Ivanovite Gomes, onde confirmou a compra do bebê, uma vez que a jovem era casada a sete anos e não teria condições de ter filhos.
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Ainda conforme a polícia, a mulher contou que não pode ter filhos e que iria criar a criança e dar um emprego para a mãe na casa dela. A polícia disse ainda que a mulher estava ‘muito abalada’ e após ser ouvida foi liberada.
Queila afirma que nunca tinha visto as pessoas que compraram a criança, mas que o homem conhecido como ‘Pastor’ é parente do primeiro filho da adolescente. A avó diz que a jovem nunca quis o filho caçula e também não sabe quem é o pai do bebê.
“O filho de dois anos dela está comigo, e ela está na casa de uma amiga. O neném não foi planejado, ela nunca quis a criança. Ninguém sabe quem é o pai. O pai do filho dela de 2 anos é um presidiário. Não vejo ela arrependida. A dor que sinto ela não está sentindo. Veio na delegacia porque pensou que ia acontecer alguma coisa com o neném, mas se soubesse que o neném tivesse bem não tinha avisado. Veio mais porque eu vim”, ressaltou.
O bebê foi levado para o Educandário Santa Margarida, em Rio Branco, e a avó pretende pedir a guarda do neto.
“Fez tudo isso pelas minhas costas, foi traição o que fez comigo. Estou muito abalada, é minha filha, mas não apoio. O que fizeram com meu neto foi um crime e só quero ele de volta. Depois que ele saiu de casa meu mundo desabou. Tenho seis filhos e todos foram criados por mim, com todas as dificuldades”, concluiu.
A informação foi repassada pela direção do 1º Conselho Regional da capital acreana. O caso ocorreu no dia 3 desse mês, na capital, mas só foi denunciado à polícia no dia 5.
A mãe da criança tem 16 anos e, segundo a Polícia Civil, vendeu o filho para um casal. A mãe alegou que estava com problemas financeiros e por isso vendeu o bebê sob a promessa que teria livre acesso ao menino. Porém, o casal deixou a capital acreana com o bebê e a adolescente procurou a polícia para denunciar o caso.
A conselheira Lucinaira Carvalho disse a reportegem que uma equipe do Conselho Tutelar de Brasiléia entregou a criança para o 1º Conselho Regional em Rio Branco.
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“Aplicamos uma medida de proteção, que está no artigo 93 e também no artigo 101, que é colocar em uma instituição. A criança está protegida e cuidada. É uma criança muito bonita, mas isso não justifica a venda. Criança não é mercadoria, então, não temos que aceitar essa questão”, explicou.
Lucinaira falou ainda que a venda da criança, além de crime, configura uma adoção ilegal. Ela diz que o caso foi levado para a 2ª Vara da Infância e Juventude e o juiz deve decidir sobre o destino do bebê.
“A adoção ilegal, algumas vezes, é geradora dominada pela prática e doutrina e jurisprudência da adoção à brasileira. A criança foi usada como mercadoria. Não tinha como se proteger ou falar. O caso foi encaminhado ao juiz, que vai definir o destino dele [bebê]”, complementou.
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“Se o juiz entender, ela pode passar por uma medida socioeducativa. A mãe pode ser chamada para que a gente aplique uma medida de proteção para tentar compreender. Podemos encaminhar para algum programa que tenha apoio psicológico e saber o que houve com essa família”, concluiu.