A Agência Estatal de Meteorologia (Aemet) da Espanha emitiu uma alerta vermelho de mais chuvas na costa sul de Valência. Autoridades pedem que moradores da região afetada pelas cheias voltem para casa após o novo alerta.
“Tempestades de alta intensidade poderão ocorrer nesta área nas próximas horas: mais de 90 l/m² em uma hora. Em princípio, não serão chuvas muito persistentes”, afirma a agência em comunicado publicado no X (antigo Twitter).
Usando megafones, a Polícia advertiu aos moradores sobre o risco e pediu que voltassem para casa, reportou uma jornalista da AFP, enquanto a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet) emitiu um “alerta vermelho” para chuvas, que poderiam chegar a 90 mm em uma hora.
Segundo a Estatal, as chuvas devem atingir sul e norte da Valência, além de Castellón e Alicante. As tempestades estão previstas para iniciar as 18h (15h do horário de Brasilia) e vão até as 23h (19h no Brasil) deste domingo (03).
O papa Francisco pediu, neste domingo (03), aos fiéis no Vaticano que “rezem por Valência e pelo povo espanhol que sofre muito nestes dias”.
Em meio às críticas da população contra a lentidão das operações de limpeza, de distribuição de água e retirada dos corpos em estacionamentos e carros amontoados, o Governo anunciou que um total de 7.500 soldados e quase 10.000 policiais e guardas civis participarão das tarefas de resgate.
Uma onda de solidariedade tomou conta da região, que recebeu milhares de voluntários neste dias, que levam pás, vassouras, água e comida para ajudar os municípios afetados.
No entanto, diante da ameaça de novas chuvas, as autoridades pediram que os voluntários não saíssem neste domingo (03) e restringiram o acesso à área a 2.000 pessoas.
O Rei Felipe VI da Espanha enfrentou vários protestos neste domingo (3), em uma visita a Paiporta, um subúrbio da região metropolitana de Valência, uma das mais atingidas pelas enchentes históricas que atingiram o país na última semana e já deixaram 217 mortos e dezenas de desaparecidos.
Enquanto tentava caminhar pela multidão, os cidadãos gritavam contra a presença do rei e outras figuras da monarquia e de oficiais do governo, chamando-os de “assassinos”.
As críticas da população ao governo ocorrem porque os alertas para as chuvas, que desencadearam a maior enchente do século na Espanha, só foram enviados com duas horas de atraso. Moradores locais relataram que os alertas só foram enviados por volta das 20h no horário local, quando a água já arrastava carros por ruas da cidade.
Além disso, as pessoas se queixam, também, sobre a demora das autoridades em enviar ajuda para as regiões afetadas.
O rei espanhol precisou ser acompanhado por uma grande equipe de segurança, que tentou protegê-lo contra ataques usando guarda-chuvas. Algumas pessoas atiraram objetos contra a comitiva.
Mesmo com os protestos, o Rei Felipe VI e a rainha Letizia conversaram com populares e ouviram suas reclamações sobre a situação. Um homem filmado pela agência de notícias Reuters disse ao rei que o governo sabia dos riscos, mas “não foi feito nada para evitar”.
A comitiva, no entanto, adiou uma visita que fariam à região de Chiva também neste domingo.
A enchente foi considerada pelo governo da Espanha o pior desastre do século 21 no país. Em apenas oito horas, choveu o esperado para o ano inteiro na região afetada.
O ministro dos Transportes e da Mobilidade espanhol, Óscar Puente, disse que cerca de 80 km de rodovias no leste do país estão seriamente danificadas ou bloqueadas, muitas delas por carros abandonados.
As enchentes, provocadas por chuvas torrenciais, deixaram um rastro de destruição, e exigiram esforços de resgate para atender a população afetada em diversos municípios no leste do país. A força das águas arrastou carros e transformou ruas de vilarejos em rios. Veículos destruídos ficaram empilhados, fios de energia caíram e móveis domésticos ficaram atolados em uma camada de lama pelas ruas.
A costa mediterrânea da Espanha, onde a cidade de Valência está localizada, está acostumada a tempestades de outono que podem causar enchentes, mas esta foi a mais poderosa a atingir a região neste século.
Cientistas relacionam o evento às mudanças climáticas, que aumentaram a temperatura do mar Mediterrâneo.