Por Alcinete Gadelha
Após mobilização na web pedindo convocação, os aprovados no cadastro de reserva da Polícia Militar tornaram a se mobilizar e acampam em frente a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) na tentativa de sensibilizar o governador Gladson Cameli para serem convocados ainda neste ano.
A comissão do CR informou que o concurso deve vencer em fevereiro de 2021, o que preocupa os cerca de 450 aprovados no CR que começaram a mobilização nessa quarta-feira (11), em frente ao Comando da Polícia Militar, em Rio Branco, e depois seguiram para a Aleac, onde estão acampados com pelo menos seis barracas e um grupo de 20 pessoas que estão se revezando.
No início de outubro, em vídeos divulgados nas redes sociais, familiares dos aprovados fizeram apelo ao governo pela convocação.
“Nos reunimos com pelo 100 pessoas com os candidatos da capital, mas temos pessoas em todos os municípios. Nosso objetivo é ter uma conversa definitiva com o governador. Temos uma promessa de convocação, temos um termo de compromisso assinado por ele enquanto candidato em 2018. Tem um ato público do ano passado no aniversário do estado, quando ele nos chamou, e nós precisamos ter uma conversa com ele para saber quando e como vai ser feita essa convocação”, contou Italo Lima, representante da comissão dos aprovados.
A reportagem entrou em contato com a porta-voz do governo, Mirla Miranda, para saber se o governo vai se posicionar sobre o pedido, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Este ponto de convocar os aprovados no CR é um dos que constam nas promessas de governo de Gladson Cameli que acompanha anualmente.
“Se o cadastro de reserva não for chamado, a Polícia Militar vai entrar em defasagem, porque para fazer outro concurso vai levar pelo menos mais dois anos. Estamos pedindo essa conversa concreta e decisiva do governador porque a sociedade pede uma resposta. Faltam 90 dias e não tivemos ainda uma resposta”, acrescentou.
O vigilante Heriberto de Araújo, de 33 anos, é natural de Feijó e até os 11 anos ele morou na zona rural, em um seringal. Ele só teve acesso à escola com essa idade quando se mudou para a cidade e um ano depois foi para Rio Branco estudar. Ele terminou o ensino fundamental aos 18 anos e fez todo o ensino médio por meio do Enceja, quando estudava à noite e trabalhava durante o dia para ajudar na criação dos cinco irmãos. Filho de seringueiros, ele sempre sonhou em ser policial militar.
“Quando o governador nos fez a promessa em 2018, alimentou a ideia que ia chamar a gente. E ele tinha o sonho de ser governador na época, batalhava para isso e chegou lá. E a gente, como o governador, tem um sonho de ser policial militar também e gostaríamos que ele se sensibilizasse com isso e convocasse. Todos nós temos um sonho, uma história”, contou.
Araújo tenta ingressar na PM desde 2012, ele contou que sempre teve que estudar dobrado e vê nesse concurso a última oportunidade de ser militar por causa da idade.
“Desacreditavam de mim e sempre coloquei em mente que eu tinha que estudar mais e me inscrevi em 2017. Passei, me dediquei fiz todas as fases, peguei dinheiro emprestado com a família para pagar os exames de saúde e o governador garantiu que nos convocaria”, acrescentou.
O concurso da PM-AC foi lançado em março de 2017, com 250 vagas para o cargo de soldado combatente no nível médio e técnico.
A convocação dos aprovados de forma imediata foi uma das promessas de governo durante a campanha eleitoral do governador. Em abril deste ano, 200 militares aprovados no concurso.
A validade do concurso da PM era de seis meses, a contar da divulgação do resultado final do certame que ocorreu em junho de 2018. Porém, o prazo foi prorrogado por mais dois anos no mesmo mês, menos de dez dias depois.
O concurso venceria neste ano, mas devido a pandemia de Covid-19 uma lei, aprovada pelo governador, em maio deste ano, suspendeu os prazos de validade de concursos públicos já homologados e em fase de convocação dos aprovados no estado, durante o período de calamidade.
O decreto que prorroga a situação de calamidade pública em todo o Acre até dezembro. Com isso os prazos voltam a ser contados e
“E quando o decreto encerram, vai voltar a contar prazo que a gente tinha que é de 57 dias. O que nos preocupa é que temos pouco tempo”, lamentou.