Por Aline Nascimento
A Justiça determinou que os advogados não sejam submetidos a revistas íntimas e vexatórias no Complexo Prisional de Rio Branco, o maior do estado.
A decisão é resultado de uma ação impetrada pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Acre (OAB-AC), após a advogada Mayra Villasante ser barrada na entrada da unidade em 2017.
Na época, a advogada contou que foi barrada ao tentar entrar na unidade para atender um cliente. A jurista disse que tentou por várias vezes passar pelo detector de metais, sem sucesso, e pelo scanner corporal, mas o aparelho estava quebrado. Após várias tentativas, um agente penitenciário chegou a propor que ela fosse até o carro para tirar o sutiã. Ela afirmou que a situação “constrangedora” durou mais de duas horas.
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“O procedimento mudou de lá para cá, hoje não acontece mais dessa forma. Os procedimentos para entrada no presídio são outros por conta da Covid-19, mas esse tipo de constrangimento depois do que aconteceu comigo não tivemos mais. Teve que acontecer comigo para não acontecer com mais ninguém”, afirmou.
A direção do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) relembrou que, na época do caso, as unidades não tinham o Body Scan, aparelho que auxilia no procedimento. Além disso, frisou que não existem mais as revistas vexatórias no sistema prisional.
“No final do ano, o Iapen por meio de parceria com o Depen [Departamento Penitenciário Nacional], aparelhou todas as unidades em 2020. O Iapen prima pelo cumprimento da legislação vigente no país”, acrescentou o diretor-presidente do instituto, Arlenilson Cunha.
Após o constrangimento sofrido pela advogada, a OAB-AC entrou com uma ação pedindo o fim das revistas vexatórias nos profissionais dentro das unidades prisionais do estado. A reportagem, a vice-presidente da ordem, Marina Belandi Scheffer, explicou que a classe não é contra os procedimentos de segurança do sistema prisional, que são necessários, mas que sejam realizados com respeito e condizente com os padrões.
“Tem que ter o aparelho para que seja feita a revista, não a íntima como foi o caso da colega. Na maioria das vezes, nosso sutiã tem metal, que alerta o raio-X. A colega tentou por várias vezes, era o sutiã e chegou ao ponto de o servidor sugerir que ela fosse no carro tirar o sutiã e voltar para entrar. Foi uma situação constrangedora”, relembrou.
Marina complementou que ainda avalia a decisão para saber se vai ou não entrar com algum recurso. A classe pede também que esses aparelhos usados nas revistas estejam sempre funcionando para evitar outras medidas.
“Isso é falha do poder público. A OAB entrou para que o poder público tomasse as medidas necessárias para garantir tanto a segurança e não corresse mais em revistas vexatórias, existem os aparelhos e o raio-X. Uma forma dessa garantia é manter sempre esses aparelhos funcionando”, concluiu.