Acre
Após 37 anos, PMDB volta a ser apenas MDB
Atingida pela Lava Jato, mudança de nome é estratégia para recuperar o prestígio que legenda tinha durante o regime militar

Presidente do partido, o senador Romero Jucá (RR) abre a convenção do PMDB antes do anúncio oficial do novo nome e logo (Walterson Rosa/FramePhoto/Folhapress)
Guilherme Venaglia
A recente tendência de troca de nomes de partidos políticos chegou nesta terça-feira às grandes legendas. Em sua convenção nacional, o PMDB, do presidente Michel Temer, anunciou que depois de 37 anos voltará a se chamar apenas Movimento Democrático Brasileiro (MDB). A alteração ainda precisará ser ratificada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Nós estamos recuperando o nome do MDB e, junto com a recuperação do nome, queremos ter causas claras para lutar pela sociedade brasileira”, afirmou o presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), durante o encontro. Ele elencou como algumas dessas “causas” bandeiras liberais, como um “estado mais enxuto” e a desburocratização da atividade econômica.
Depois de anunciar que não compareceria, Temer chegou ao final da convenção para exaltar seu período de um ano e sete meses à frente do governo. O presidente falou pouco sobre a mudança de nome, fazendo menções a história do partido nas primeiras décadas. Ainda se acostumando à mudança, ele alternou a versão com e sem a letra “P” ao longo do discurso e encerrando a fala com um “viva ao nosso MDB”.
A mudança de nome é uma estratégia para recuperar o prestígio que tinha durante o regime militar. Com a instituição do bipartidarismo pela ditadura em 1966, o MDB foi fundado para agregar as forças de oposição, unindo, da esquerda à direita, as forças do espectro político que trabalhavam pela redemocratização.
A agremiação tinha como adversária a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que dava sustentação política civil aos militares. Em 1979, a ditadura decretou uma mudança nas regras partidárias que obrigava todas as legendas a iniciarem seu nome com a palavra “Partido”. Em virtude disso, o MDB se tornou PMDB, em registro oficial a partir de 1980.
Agora, apesar de manter algumas características, como a heterogeneidade e o caráter regional, o PMDB viu muitos dos grupos que engrossavam o coro contra a ditadura formarem outros partidos. É o caso, por exemplo, do segmento de intelectuais e políticos que deixou o PMDB em 1988 para fundar o PSDB. Muitos dos que deram origem ao PT em 1980 também militaram na antiga agremiação na década anterior, caso do ex-senador e hoje vereador paulistano Eduardo Suplicy.
O “novo MDB” é diferente, no entanto, daquele que acabou há quase quarenta anos. Para além do desgaste coletivo da classe política, o partido se viu especialmente atingido pelas investigações da Operação Lava Jato: junto com o PT e o PP, é uma das legendas acusadas de sustentar politicamente diretores da Petrobras em troca de propinas pagas por empreiteiras.
Neste ano, os nanicos PTN e PTdoB também fizeram essa reforma e adotaram novas nomenclaturas: Podemos e Avante, respectivamente. Outros partidos, como PP e PSL também estudam mudanças para fazer frente ao desgaste das legendas tradicionais.
Até o PEN, que tinha a ecologia como causa principal, passará a se chamar Patriotas para agregar as ideias e o projeto presidencial do deputado Jair Bolsonaro (RJ), hoje no PSC. Em 2006, o Partido da Frente Liberal, originado da antiga Arena, puxou a fila de “repaginação” e passou a se chamar Democratas.
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Acre
Ações integradas e fortalecimento das instituições fazem Acre reduzir taxas de homicídios e conquistar destaque nacional

Pela primeira vez em 108 anos, governador empossa uma mulher no Comando da PM. Foto: Felipe Freire/Secom
O estado do Acre, através das ações da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) alcançou avanços notáveis na segurança pública, conforme dados divulgados no Atlas da Violência 2025, elaborado e divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Segundo o documento, o Acre registrou uma das maiores quedas na taxa de homicídios do país, de 50,5%, além da expressiva redução de 53,7% na taxa dos homicídios de mulheres.
A coronel Marta Renata, primeira mulher no Comando da Polícia Militar do Acre (PMAC) em 108 anos de história da instituição, afirma que a PM tem atuado diuturnamente para garantir a segurança de todos os cidadãos. “As taxas de redução de homicídios evidenciam os esforços que a instituição tem empregado através de cada policial militar, juntamente com o apoio do estado. Também destacamos a redução na taxa de feminicídio, mas enquanto houver uma mulher em situação de violência doméstica não teremos concluído a nossa missão”, reforça.
Acre reduziu taxa de homicídios em 50,5%
Com a publicação do Atlas da Violência, o estado do Acre tem se destacado nacionalmente pela significativa redução nos índices de homicídios nos últimos anos. Dados do relatório revelam que o Acre reduziu a taxa de homicídios em 50,5% entre 2018 e 2023. Em números absolutos, foram registrados 217 homicídios em 2023, uma queda de 46,9% em relação aos 409 casos de 2018.

Policiamento rural também é realizado em todo estado. Foto: Dhárcules Pinheiro/Sejusp
Esse avanço coloca o estado em uma posição de destaque nacional, revertendo um cenário crítico que o colocava entre os mais violentos do país. O desempenho é resultado direto de políticas públicas integradas, como o fortalecimento da inteligência policial, a valorização da polícia comunitária e a articulação com o sistema de justiça.
Em relação à violência de gênero, o Acre também se destaca positivamente. Segundo o levantamento, o estado reduziu em 48,6% o número de homicídios de mulheres no intervalo de cinco anos, de 35 casos em 2018 para 18 em 2023. A secretária de Estado da Mulher, Márdhia El-Shawwa, afirmou que este resultado é fruto de cooperação entre as diversas pastam que visão proteger todas a mulher. “Esse resultado é fruto do trabalho incansável de muitas mãos — das equipes das Delegacias, do poder público, dos Centros de Referência, das casas de acolhimento, das campanhas de conscientização e, principalmente, da coragem das mulheres que denunciam”, destacou.

Desde sua implantação, em 2024, o Grupo de Apoio ao Estudante Vítima (Gaev) já acompanhou mais de 20 estudantes. Foto: Joabes Guedes/PMAC.
O documento aponta que o Acre está entre os estados que mais reduziram a letalidade feminina, um indicador que reflete não apenas o combate direto ao feminicídio, mas também ações preventivas, como o funcionamento das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), a ampliação de campanhas de conscientização e a rede de proteção social. A presença ativa da Patrulha Maria da Penha, por exemplo, tem desempenhado papel fundamental na garantia de medidas protetivas e na contenção da reincidência da violência doméstica.

Equipe da Patrulha Maria da Penha. Foto: Sargento Silva Barbosa/PMAC
Entre mulheres negras, analisando um período maior de 2013 a 2023, a redução foi de 58,8% entre 2013 e 2023, conforme revelado na análise. Isso demonstra que o estado tem conseguido avançar no enfrentamento às desigualdades raciais e estruturais que historicamente vitimam a população negra, sobretudo as mulheres, por meio de políticas de enfrentamento ao racismo e de promoção da equidade de gênero e raça.
Resultados sentidos
Essa tendência de declínio é corroborada por levantamentos locais. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp) divulgou que, em 2024, a taxa de homicídios caiu para 17,71 por 100 mil habitantes, a menor registrada nos últimos 16 anos, superando até mesmo a taxa de 2011, que foi de 17,73.

Para o secretário de Segurança esses resultados demonstram o comportamento do Estado com a segurança. Foto: Dharcules Pinheiro/ Sejusp
Para o secretário de Segurança, esses resultados demonstram o comportamento do Estado com a segurança. “Esse conjunto de resultados evidencia o comprometimento da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública com a segurança da população acreana e a implementação de políticas que visam não apenas a diminuição da violência, mas também a promoção da paz para toda a população do estado”, destacou.

Policiamento dos eventos públicos acontecem simultaneamente em ao menos nove munícipios acreanos. Foto: Joabes Guedes/PMAC
Além da queda nos homicídios, o Acre também apresentou redução em outros indicadores de violência. Nos três primeiros meses de 2025, houve uma diminuição de 29,31% nas mortes violentas intencionais no estado e de 33,33% em Rio Branco, comparado ao mesmo período de 2024. Roubos e furtos também apresentaram quedas significativas, evidenciando a eficácia das operações de combate a esses crimes.

Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) vigia dia e noite vários pontos das cidades do Acre. Foto: Dhárcules Pinheiro/Sejusp
O Atlas da Violência 2025 destaca que, no cenário nacional, o Acre figura entre os estados que mais reduziram seus índices de homicídios ao longo dos últimos anos, juntamente com Pará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Atlas da violência e o Brasil
Segundo o site do IPEA, o Atlas da Violência é o resultado de uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O documento tem por objetivo retratar a violência no Brasil, principalmente a partir dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde.
As informações sobre homicídios são analisadas da perspectiva de gênero, raça e faixa etária, entre outras. Além disso, o Atlas auxilia pesquisadores, jornalistas e interessados em geral na temática da criminalidade e violência no país.

Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp). Foto: Mariana Moreira/Sejusp
Em matéria publicada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, o Brasil registrou, em 2023, a menor taxa de homicídios dos últimos 11 anos: foram registradas 45.747 mortes, o equivalente a 21,2 casos por 100 mil habitantes. Entre 2022 e 2023, houve redução de 2,3% na taxa de homicídio por 100 mil habitantes no país. Depois de uma estagnação nas taxas de homicídio entre 2019 e 2022, que estacionou no patamar de 21,7%, volta a se observar uma tímida trajetória de queda iniciada em 2018.
Esses resultados refletem o compromisso das autoridades acreanas em promover a segurança pública e reduzir a criminalidade, consolidando o estado como referência nacional na área.
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Ponte da Sibéria deve ser concluída até setembro deste ano em Xapuri

Foto: reprodução/Deracre
Após mais de 30 anos de espera, a Ponte da Sibéria, em Xapuri, está finalmente ganhando forma. Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre), a obra segue em ritmo acelerado e a previsão atual de entrega é para setembro deste ano.
Com 363 metros de extensão, a ponte vai interligar a região da Sibéria ao centro urbano de Xapuri, garantindo mais mobilidade, segurança e conectividade para moradores e visitantes. Segundo o Deracre, mais de 70 trabalhadores estão envolvidos na construção, que se encontra na fase de concretagem da laje inferior por meio do sistema de balanço sucessivo.
O investimento total na obra ultrapassa R$ 40 milhões, com recursos do governo do Estado e de emenda parlamentar do senador Márcio Bittar. A construção é considerada estratégica para o município, que hoje depende de travessia fluvial para acesso à outra margem do rio Acre. A expectativa é que a nova estrutura beneficie diretamente a economia local, a prestação de serviços públicos e a qualidade de vida da população.
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Quase todos os cortes bovinos subiram de preço em maio
Um levantamento do Programa de Educação Tutorial (PET Economia) do curso Economia da Universidade Federal do Acre (Ufac) realizado entre os dias 8 e 12 de maio revelou uma leve alta no preço médio da carne bovina no Acre. Em comparação ao mesmo período do mês anterior, o aumento geral foi de 2,93%.
O corte com maior variação foi a fraldinha, que subiu 4,88%. Também tiveram elevação significativa a pá com osso (4,72%), a picanha (3,95%), a agulha (3,89%), o filé (3,53%) e o coxão mole (3,51%). A única queda registrada foi no preço do fígado, com variação negativa de -0,05%.
A pesquisa foi realizada em 50 estabelecimentos comerciais, entre açougues e supermercados, nos municípios de Rio Branco e Assis Brasil.
Em relação ao tipo de estabelecimento, os preços continuam mais baixos nos açougues, onde, apesar de um aumento médio de 3,44%, os valores ainda são 10,82% inferiores aos praticados nos supermercados. Nestes, os preços apresentaram uma queda média de 2,68%.
Entre os cortes com maior diferença de preço entre açougues e supermercados estão o patinho (R$ 31,78 nos açougues e R$ 39,11 nos supermercados), a alcatra (R$ 39,62 contra R$ 48,04) e o coxão mole (R$ 30,73 contra R$ 32,74).
O levantamento também identificou variações entre os municípios pesquisados. O corte de músculo apresentou a maior diferença, R$ 21,00 em Assis Brasil e R$ 26,61 em Rio Branco, uma variação de 21,08%. Outros cortes, como filé, pá com osso e agulha, também apresentaram oscilações significativas entre as cidades.
O PET Economia realiza periodicamente esse tipo de levantamento com o objetivo de oferecer informações que ajudem os consumidores a fazer escolhas mais conscientes, além de estimular a transparência e a concorrência no mercado local.
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