Anvisa monitora lesões e inflamações após nova fórmula de creme dental da Colgate

Órgão recebeu denúncias de 13 pessoas, que relataram sintomas após uso do produto

Pedro relatou ainda que o incômodo o impediu de se alimentar corretamente por quase uma semana, em função das dores e lesões na boca. Foto: Arquivo Pessoal e Colgate Divulgação

Jornal O Tempo/Simon Nascimento 

A mudança na fórmula de cremes dentais da Colgate tem gerado críticas de consumidores, que relataram reações alérgicas e inflamatórias após o uso do produto na higiene bucal. O problema foi registrado nas pastas da linha ‘Total 12’, que passaram a ser chamadas de ‘Proteção Ativa’. O caso é avaliado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Na plataforma ReclameAqui, a empresa recebeu mais de mil queixas sobre alergias relacionadas ao uso. O processo de alteração na formulação dos cremes dentais foi realizado no final de 2024, com lançamento em novembro. À época, a Colgate afirmou que tratava-se da ‘melhor fórmula da história para prevenção de doenças bucais’. “A fórmula superior de Colgate Total, como nenhuma outra, destroi as bactérias e cria uma poderosa barreira de proteção por até 24 horas, e previne que elas voltem”, diz a empresa, em vídeo publicitário.

A principal alteração se deu na troca do fluoreto de sódio para o fluoreto de estanho. De acordo com a Anvisa, entre 1º de janeiro e 19 de março de 2025, foram oito notificações e 13 casos registrados. A agência classificou os registos como “eventos adversos relacionados ao uso de cremes dentais da marca Colgate que, recentemente, passaram por mudanças em sua formulação”.

Os principais sintomas relatados incluem inchaço nas amígdalas, lábios e na mucosa oral, acompanhados de sensação de queimação, ardência e sensibilidade nas gengivas, presença de aftas e vermelhidão nos lábios. A advogada e influenciadora Luiza Guimarães foi uma das pessoas com problemas após o uso do creme dental. Ela notou ferimentos na boca, que só começaram a cessar quando deixou de usar o produto.

“E o pior é que você nunca vai imaginar que é uma pasta de dente que está te dando alergia, principalmente porque é uma que a gente sempre usa, usou a vida inteira”, disse ela, em storie publicado no perfil @ocasaldebh, nesta segunda-feira (24), para mais de 1 milhão de seguidores. “Quando eu ia escovar dente me dava até vontade de chorar e é a pasta de dente, pensa bem. Que absurdo!”, criticou a advogada ao mostrar feridas na língua e na gengiva.

Quem também passou por problemas foi o estudante Pedro Maciel, de 25 anos. Em janeiro, ele observou o surgimento de dezenas de aftas na gengiva, nos lábios, além de ferimentos na língua. “Eu nunca tive tantas aftas na boca, foram mais de 50, sem nenhum exagero, e várias ao mesmo tempo. Isso durou quase um mês, fui em quatro médicos e nenhum soube dar um diagnóstico, suspeitaram de estomatite e candidíase e me passaram remédios para tratar os sintomas”, contou ele que deixou de fazer o uso do creme dental.

Pedro relatou ainda que o incômodo o impediu de se alimentar corretamente por quase uma semana, em função das dores e lesões na boca. “Tudo que eu comia era gelado, um sorvete, açaí e até mesmo uma sopa eu não aguentava comer quente”, completou. Procurada, a Colgate confirmou que a nova fórmula da Colgate Total possui o fluoreto de estanho.

“Um ingrediente seguro, eficaz e amplamente usado em cremes dentais em todo o mundo. A nova fórmula é o resultado de mais de uma década de pesquisa e desenvolvimento e testes extensivos com consumidores, inclusive no Brasil, para proporcionar às pessoas uma excelente saúde bucal. Nossos produtos e seus ingredientes passam por testes rigorosos e são aprovados por agências regulatórias em todo o mundo. No entanto, uma pequena minoria das pessoas pode apresentar sensibilidade a determinados ingredientes – como fluoreto de estanho, corantes ou sabores”, disse a empresa.

A Colgate recomendou que consumidores afetados com alguma reação devem interromper o uso para alívio dos sintomas. “Nossa equipe monitora atentamente esses tipos de relatos e acompanha cada situação individualmente. Para consumidores com dúvidas, contamos com um canal de atendimento por meio do 0800 703 7722”, reiterou a nota.

A reportagem também procurou o Conselho Federal de Odontologia (CFO) que, em nota, afirmou que não recebeu reclamações relacionadas ao uso do produto. “O CFO está aguardando informações da empresa fabricante para que possa se manifestar. O Conselho reforça o compromisso com a proteção integral da saúde bucal da população”, disse.

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Publicado por
Marcus José