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Amazonas tem 21 municípios sob domínio de facções criminosas
Nas zonas de fronteira, 83 municípios têm presença de facções, sendo 20 municípios no Acre; 1 no Amapá; 8 municípios no Amazonas; 21 no Mato Grosso; 15 em Roraima e 18 em Rondônia.

O estudo identificou 43 municípios onde há disputa entre o CV e o PCC. No Mato Grosso são 11 cidades, o estado do Pará tem 7, o Maranhão 7, Amazonas registra 3, Rondônia (5), Roraima (5) e Tocantins também 5. Foto: cedida
Com Atual
No Amazonas, facções criminosas comandam o crime em 21 municípios, sendo que em 13 destes havia apenas um grupo e em oito foi observada a coexistência de duas ou mais facções, registra o Fórum Brasileiro de Segurança Pública em estudo conjunto com o Instituto Mãe Crioula. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (11).
O estudo ‘Cartografias da Violência na Amazônia’ mostra que o CV (Comando Vermelho) está presente em dez municípios de forma hegemônica, e os Piratas dos Solimões (representados por um grupo de criminosos originários de comunidades ribeirinhas do Rio Solimões e afluentes) dominam outros três municípios.
O CV está presente em todos os municípios, mesmo naqueles em que há mais de uma facção. O PCC (Primeiro Comando Capital) está em três deles: Manaus, Rio Preto da Eva e São Paulo de Olivença. Conforme o estudo, em Manaus e Rio Preto da Eva há intensos confrontos entre integrantes do CV e PCC.

Presença de facções nos municípios do Amazonas. Foto: Divulgação
Os dois outros municípios com presença de duas facções estão na Zona de Fronteira Setentrional – Japurá e São Gabriel da Cachoeira. Nesses municípios, há indícios da presença das facções estrangeiras colombianas que atuam como aliadas do CV no abastecimento de maconha e cocaína transportadas pelos rios Japurá, Iça e Negro, que atravessam os municípios.
“O Amazonas é um estado muito estratégico para a circulação e o escoamento de drogas oriundas dos países andinos, por onde passam grandes volumes. Por isso, é considerado por muitos analistas como o estado da Amazônia que abriga a principal rota do narcotráfico”, cita o estudo.
Amazônia Legal
Atualmente, 260 municípios da Amazônia Legal, correspondendo a 33,7% do total de municípios da região, registram a presença de facções criminosas. Segundo o Anuário, esse crescimento não implica necessariamente a chegada de facções a novos municípios em 2024, mas pode ser reflexo de um aumento nas operações policiais que passaram a identificar esses grupos em locais anteriormente não mapeados.
Do total de municípios com facções, 176 possuem a presença de apenas uma organização criminosa. Desses, 130 são dominados pelo Comando Vermelho, 28 pelo Primeiro Comando da Capital, e os demais são controlados por facções menores.
Na maioria dos estados da Amazônia Legal houve um aumento na presença dessas organizações, com uma tendência crescente de dominação de apenas uma facção por estado. Além disso, foram observadas mudanças no controle de algumas cidades com grupos rivais disputando o poder, o que muitas vezes agrava as tensões locais. Desavenças, como a Tropa do Castelar no Mato Grosso, um braço dissidente do CV, também foram registradas.
Nas zonas de fronteira, 83 municípios têm presença de facções, sendo 20 municípios no Acre; 1 no Amapá; 8 municípios no Amazonas; 21 no Mato Grosso; 15 em Roraima e 18 em Rondônia.

Localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, Tabatinga é um ponto estratégico para o tráfico de drogas e outras atividades criminosas. Foto: cedida
Fenômeno distinto
O Pará, que faz fronteira com a Guiana e Suriname, registra um fenômeno distinto. A dificuldade de acesso e a distância entre os municípios da Calha Norte fazem com que as rotas criminosas originárias desses países sigam pelo Oceano Atlântico, frequentemente passando pelo Amapá ou chegando diretamente ao Pará.
É o estado com o maior número de municípios dominados por uma única facção, totalizando 62 cidades. Em contraste, o Tocantins é o estado com menor presença de facções, com apenas 4 municípios afetados. O Amapá registrou queda no número de facções.
O estudo identificou 43 municípios onde há disputa entre o CV e o PCC. No Mato Grosso são 11 cidades, o estado do Pará tem 7, o Maranhão 7, Amazonas registra 3, Rondônia (5), Roraima (5) e Tocantins também 5.
Violência
O Amazonas apresentou uma redução de 8,2% na taxa de MVI (Mortes Violentas Intencionais) entre 2022 e 2023, atingindo a taxa média de 35,6 homicídios por 100 mil habitantes em 2023. Apesar do resultado positivo, a violência se distribui desigualmente pelos municípios. No triênio 2021-2023, as taxas de MVI variam de 0 mortes em cidades como Nhamundá e Santa Isabel do Rio Negro, até taxas superiores a 100 homicídios por 100 mil habitantes, como em Iranduba.
Iranduba é o município mais violento do Amazonas no triênio, com uma taxa média de 102,3 mortes violentas por 100 mil habitantes. Embora tenha havido uma queda de 32,4% na taxa em 2023, que passou para 68,7 homicídios por 100 mil habitantes, as elevadas taxas de 2021 (136,6) e 2022 (101,7) colocaram Iranduba como a cidade mais violenta do estado no período.
Iranduba também ocupa a 6ª posição entre as cidades mais violentas de toda a Amazônia Legal no triênio. Com uma população de 61.163 habitantes (Censo 2022), a cidade está localizada na região metropolitana de Manaus, a 23 km da capital, e é dominada pela facção Comando Vermelho.
Outro município com altas taxas de MVI no período foi Rio Preto da Eva, que registrou uma taxa média de 81,5 mortes por 100 mil habitantes. Nesse período, a cidade viu um aumento de 321,1% na taxa, que subiu de 40,0 em 2021 para 168,4 em 2023. O aumento da violência é atribuído à disputa entre as facções do CV e PCC pelo controle da região.

Tabatinga, com 66.764 habitantes, foi o terceiro município mais violento, com uma taxa média de 77,4 homicídios por 100 mil habitantes. A cidade ocupa a 23ª posição entre as cidades mais violentas da Amazônia Legal.
Localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, Tabatinga é um ponto estratégico para o tráfico de drogas e outras atividades criminosas. A cidade é isolada por rios e florestas e é de difícil acesso, com viagens que podem durar três dias partindo de Tabatinga e até sete a oito dias de Manaus. A dinâmica transfronteiriça facilita o tráfico e a violência associada.
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Dono do Banco Master e ex-presidente do BRB depõem à PF nesta terça
A investigação sobre fraude bilionária envolvendo o Banco Master colhe, nesta terça-feira (30), os depoimentos do dono do Master, o banqueiro Daniel Vorcaro, do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e do diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Ailton de Aquino.

Os depoimentos à Polícia Federal (PF) serão tomados no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), a partir das 14h.
As oitivas são parte de inquérito, no STF, que apura as negociações sobre a venda do Banco Master ao BRB, banco público do Distrito Federal (DF).
O BRB tentou comprar o Master pouco antes do Banco Central (BC) decretar a falência extrajudicial da instituição, e apesar de suspeitas sobre a sustentabilidade do negócio.
Paulo Henrique Costa foi afastado da presidência da instituição por decisão judicial.
Em novembro, o ex-presidente do BRB e Daniel Vorcaro foram alvos da Operação Compliance Zero, que investiga a concessão de créditos falsos. As fraudes podem chegar a R$ 17 bilhões em títulos forjados.
As oitivas dos investigados foram determinadas pelo ministro Dias Toffoli e serão realizadas individualmente. Inicialmente, o ministro do STF queria uma acareação entre os envolvidos. Porém, Toffoli definiu, dias depois, que a acareação só deve ocorrer caso a PF ache necessária. Acareação é quando os envolvidos ficam frente a frente para confrontar versões contraditórias.
Apesar do diretor do Banco Central não ser investigado, seu depoimento foi considerado pelo ministro Toffoli de “especial relevância” para esclarecer os fatos, uma vez que o BC é a instituição que fiscaliza a integridade das operações do mercado financeiro.
A defesa do banqueiro Vorcaro informou à Agência Brasil que não vai se manifestar sobre o depoimento porque o processo corre em sigilo.
A defesa do ex-chefe do BRB, Paulo Henrique Costa, por sua vez, informou que não se manifesta antes do depoimento.
O Banco Central também não se manifestou em relação ao depoimento do diretor de fiscalização da instituição.
BRB quis comprar Master
Em março deste ano, o BRB anunciou a intenção de comprar o Master por R$ 2 bilhões – valor que, segundo o banco, equivaleria a 75% do patrimônio consolidado do Master.
A negociação chamou a atenção de todo o mercado, da imprensa e do meio político, pois, já na época a atuação do banco de Daniel Vorcaro causava desconfiança entre analistas do setor financeiro.
No início de setembro, o Banco Central (BC) rejeitou a compra do Master pelo BRB. Em novembro, foi decretada falência da instituição financeira.
Compliance Zero
A Operação Compliance Zero é fruto das investigações que a PF iniciou em 2024, para apurar e combater a emissão de títulos de créditos falsos.
As instituições investigadas são suspeitas de criar falsas operações de créditos, simulando empréstimos e outros valores a receber. Estas mesmas instituições negociavam estas carteiras de crédito com outros bancos.
Após o Banco Central aprovar a contabilidade, as instituições substituíam estes créditos fraudulentos e títulos de dívida por outros ativos, sem a avaliação técnica adequada.
O Banco Master é o principal alvo da investigação instaurada a pedido do Ministério Público Federal (MPF).
Na nota, o BRB afirmou que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando, regularmente, informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações relacionadas [às negociações de compra do] Banco Master”.
Fonte: Conteúdo republicado de AGENCIA BRASIL - NOTÍCIAS
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Acre terá R$ 5,7 bilhões em obras e 3 mil casas pelo Minha Casa, Minha Vida até 2027
Investimentos do Novo PAC vão da nova Maternidade de Rio Branco ao linhão elétrico entre Feijó e Cruzeiro do Sul; transferências federais ao estado cresceram 29% em relação a 2022

Serão investidos R$5,7 bilhões para acelerar a saúde, a educação, a cultura, a sustentabilidade, o transporte e a infraestrutura do Acre, segundo publicação. Foto: captada
O Acre terá R$ 5,7 bilhões em investimentos até 2030 por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), abrangendo setores como saúde, educação, cultura, sustentabilidade, transporte e infraestrutura. Além disso, até 2027, a expectativa é de que 3 mil acreanos recebam a chave da casa própria por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal.
Entre as principais obras previstas estão a construção da nova Maternidade de Rio Branco, no Segundo Distrito; o linhão de transmissão de energia entre Feijó e Cruzeiro do Sul, com 277 quilômetros de extensão; e a restauração da BR-364. Até 2030, serão 250 empreendimentos em todo o estado.
Em 2024, o governo federal transferiu R$ 9,9 bilhões para complementar o orçamento do estado e das prefeituras acreanas, valor 29% maior que o repassado em 2022, último ano do governo Bolsonaro.
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Acre cria sistema e centro integrado para monitoramento ambiental e combate ao desmatamento
Lei sancionada pela governadora em exercício Mailza Assis formaliza estruturas já existentes na Secretaria de Meio Ambiente; governo garante que não gerará aumento de despesas

A publicação, assinada pela governadora em exercício Mailza Assis (PP) foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE). Foto: captada
Foi sancionada nesta terça-feira (30) a lei que cria o Sistema Integrado de Meio Ambiente e Mudança do Clima (SIMAMC) e o Centro Integrado de Inteligência, Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (CIGMA) no Acre. A publicação, assinada pela governadora em exercício Mailza Assis (PP), também institui o Grupo Operacional de Comando, Controle e Gestão Territorial, com foco no fortalecimento do combate ao desmatamento e às queimadas.
Segundo o governo, a medida não implica aumento de despesas, uma vez que o CIGMA já está em funcionamento dentro da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), carecendo apenas de institucionalização legal. A lei visa integrar e otimizar ações de monitoramento, inteligência e gestão territorial no estado, ampliando a capacidade de resposta a crimes ambientais.
A publicação ocorreu no Diário Oficial do Estado (DOE) e representa mais um passo na estruturação da política ambiental acreana, em meio a discussões nacionais sobre clima e preservação.


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