‘Amava a aviação’, diz prima de piloto de avião da Chapecoense no Acre

Miguel Quiroga morava em Epitaciolândia com esposa e filhas, segundo prima.
Piloto de 36 anos morreu na queda de avião nesta terça-feira (29).

Quésia Melo

Piloto Miguel Quiroga morreu em acidente de avião nesta terça-feira (29) (Foto: Reprodução/Facebook)

Ainda muito abalada, a jovem Milena Quiroga, prima do piloto do avião da Chapecoense Miguel Quiroga, de 36 anos, morto na queda da aeronave nesta terça-feira (29), relatou ao G1 que ele era apaixonado pela aviação e chegou a se dedicar quase que exclusivamente aos estudos para se tornar piloto.

Quiroga teria reportado “falhas elétricas graves à torre de controle do aeroporto”, segundo afirmou o diretor da Aeronática Civil, Alfredo Bocanegra, à Rádio Nacional de Colômbia. O acreano Marcio Bestene Koury, de 44 anos, que era médico da Chapecoense, também morreu no acidente.

Milena explica que o primo era Boliviano, mas teria pedido a nacionalidade brasileira pois a esposa e os três filhos, dois deles acreanos, moram no município de Epitaciolândia, no interior do Acre.

“É muito difícil falar, é um momento muito triste. Eu mantinha contato com ele pelas redes sociais porque ele não parava, trabalhava muito. Meu primo amava a aviação e se dividia entre Cobija e Epitaciolândia. Era uma pessoa feliz e realizada profissionalmente”, relata.

Milena lembra que o pai de Quiroga também era aviador, o que despertou a paixão dele pela aviação. Segundo ele, entre os parentes, amigos e colegas de profissão Quiroga era conhecido pela dedicação e valorização da família.

“Ele [pai de Quiroga] sobreviveu a um acidente aéreo quando o Miguel ainda era muito bebê, mas ele sempre quis seguir essa carreira. Ele entrou para a Aeronáutica para se tornar piloto e se tornou piloto comercial para ter melhores condições de vida. Se ele passava três meses fora em viagens ele voltava e ficava em casa com os filhos, levava para passear, eram o tesouro dele”, conta.

Acidente
O voo que tranportava a equipe da Chapecoense partiu na noite de segunda-feira (28) de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em direção a Medellín.

Segundo a imprensa local, a aeronave  perdeu contato com a torre de controle às 22h15 (local, 1h15 de Brasília), entre as cidades de La Ceja e Abejorral, e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín.

O Comitê de Operação de Emergência (COE) e a gerência do aeroporto informaram que a aeronave se declarou em emergência por falha técnica às 22h (local) entre as cidades de Ceja e La Unión.

Os motivos do acidente ainda são desconhecidos. A imprensa colombiana chegou a cogitar possível falta de combustível. Uma operação de emergência foi ativada para atender ao acidente. A Força Aérea Colombiana dispôs helicópteros para ajudar em trabalhos de resgate, mas missões de voos foram abortadas nesta madrugada por causa das condições climáticas. Choveu muito na região na noite de segunda, o que reduziu muito a visibilidade.

Equipes chegaram ao local do acidente por terra, mas o acesso à região montanhosa é difícil e a remoção é lenta.

Destroços do avião que levava a Chapecoense são vistos perto de Medellín, na Colômbia (Foto: Luis Benavides/AP)

Final de campeonato
O time da Chapecoense embarcou para a Colômbia na noite de segunda (28), para disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, na quarta (30). Inicialmente, o voo iria diretamente de Guarulhos (SP) para Medellín, mas o voo foi vetado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Em razão do veto, a equipe tomou um voo comercial até a Bolívia e, de lá, o grupo pegou o voo da LaMia (veja imagens do embarque da Chapecoense em Guarulhos).

Em comunicado, o clube de Santa Catarina informou que espera pronunciamento oficial da autoridade aérea colombiana sobre o acidente.

Em seu perfil no Twitter, o Atlético Nacional lamentou o acidente e prestou solidariedade à Chapecoense: “Nacional lamenta profundamente e se solidariza com @chapecoensereal pelo acidente ocorrido e espera informação das autoridades”.

O primeiro jogo da decisão, marcado para esta quarta-feira (30), foi cancelado, segundo a  Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). A CBF adiou a final da Copa do Brasil, entre Grêmio e Atlético Mineiro, que também estava prevista para quarta-feira.

O Itamaraty, pelo telefone, informou que a embaixada do Brasil em Bogotá está em contato com as autoridades colombianas para obter informações sobre o acidente. A assessoria informou que as notícias ainda chegam desencontradas.

O Ministério das Relações Exteriores vai esperar um posicionamento oficial sobre vítimas e circunstâncias do acidente para se pronunciar. Está previsto que divulguem uma nota oficial ainda agora de manhã. O embaixador em Bogotá se chama Julio Bitelli.

A companhia
A LaMia (Línea Aérea Mérida Internacional de Aviación) é uma companhia de aviação que foi inicialmente constituída na Venezuela no ano de 2009 e depois mudou sua sede para a Bolívia (Santa Cruz de la Sierra). A empresa vem sendo desenvolvida para voos não regulares (charter), com o objetivo de permitir o desenvolvimento de atividades no país e no exterior, com aeronaves de grande porte – de passageiros e de carga.

Avião com equipe da Chapecoense sofre acidente na Colômbia (Foto: Arte/G1)

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Publicado por
Alexandre Lima