Marcus José com PandoNetTV e Kiko Navala
Unidades da polícia nas cidades bolivianas de Cochabamba (centro), Sucre (sudeste) e Santa Cruz (leste do pais) se rebelaram na sexta-feira (8) contra a polêmica vitória eleitoral de Evo Morales e afirmaram que não reprimirão mais os manifestantes da oposição que exigem a renúncia do presidente.
A revolta teve início em Cochabamba, quando um policial com o rosto coberto anunciou, no Quartel-General da Unidade Tática de Operações (Utop): “Estamos amotinados”. Outro policial acrescentou: “Vamos estar com o povo, não com os generais”.
Os manifestantes estouraram fogos e içaram em um mastro uma bandeira boliviana, entoando o hino nacional.
Assim como os rebelados de Cochabamba, os agentes do comando de Santa Cruz fecharam a unidade e vários policiais subiram no teto do prédio com bandeiras bolivianas.
Em coletiva de impresa na cidade de Cobija/Pando/Bolivia, polícia boliviana apresentou os últimos fatos ocorrido no departamento de Pando, cidade de cobija, e pede à população que se permita exercer as suas funções com normalidade e com democracia, o comandante da Polícia Nacional Boliviana, coronel Peres L, disse estar preocupado com a onda de roubos e os casos de criminalidade praticados por Brasileiros e Bolivianos, aos quais não se pode atender com normalidade o que vem ocorrendo em Cobija.
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Durante todo o dia/noite de sexta-feira, dia 8, vários meios de noticias estão noticiando que militares da Polícia Nacional Boliviana estão aquartelando em vários estados do país. Durante poucas horas, Cochabamba, Santa Cruz, Sucre, Beni, Tarija e no estado vizinho de Pando, estariam parando suas atividades de controle nas cidades.
A Bolívia vive a terceira semana de violentos protestos, com greves e bloqueios de ruas, contra a reeleição do presidente para um quarto mandato.
Iniciadas em Santa Cruz, as manifestações foram se espalhando gradualmente pelo país. Nesta sexta-feira, uma multidão tomou as ruas de La Paz, sede dos Poderes Executivo e Legislativo.
As atividades no centro da cidade de 800 mil habitantes foram virtualmente paralisadas, assim como na nobre Zona Sul.
Várias avenidas foram bloqueadas. Ônibus, micro-ônibus e táxis se moviam por trechos curtos, e apenas o teleférico (público) circulou normalmente em suas dez linhas.
Em torno da Casa Grande do Povo, a torre onde fica a sede do Executivo no centro de La Paz, um grande dispositivo de segurança impediu a passagem de manifestantes. O prédio foi cercado pela multidão nas últimas três noites.
O edifício de 29 andares contíguo ao Palácio Quemado, a histórica casa de governo, também foi protegido por mineiros e por camponeses aliados ao presidente.
Hoje o rosto mais visível e radical da oposição boliviana, o líder regional Luis Fernando Camacho prosseguiu nesta sexta em busca do apoio de organizações para pressionar Evo a renunciar.
Várias organizações e coletivos sociais se uniram a Camacho, formando uma frente ampla contra Evo, algo que os partidos opositores não conseguiram fazer para as eleições de 20 de outubro passado. A oposição chegou às urnas com oito candidatos à presidência.
Camacho, líder do poderoso Comitê Cívico Pró-Santa Cruz (direita), disse que, na próxima segunda-feira, levará pessoalmente uma carta de renúncia a Evo. Pretende ir acompanhado de outras lideranças políticas e sociais. “Vamos entregar essa carta todos juntos”, declarou.
O ministro da Defesa, Javier Zavaleta, descartou que Evo vá recebê-lo.
O presidente indígena, de 60 anos, no poder desde 2006, ignora as reivindicações da oposição, que o acusa de “fraude” eleitoral.
A oposição exige sua saída, a anulação das eleições e uma nova disputa sem Evo como candidato. O presidente rebate, alegando que o pleito foi limpo, e exige que os resultados sejam respeitados.