Acúmulo de balseiros forçou deslocamento das pilastras centrais da ponte

26 blocos foram construídos e o dano maior aconteceu no 12º bloco do vão central da ponte

Apesar do DNIT tentar esconder os danos nos pilares de sustentação da na obra da ponte do Abunã, no encontro dos rios Madeira e Abunã, em Rondônia, a verdade veio à tona e A TRIBUNA revela com exclusividade a extensão dos problemas causados pela forte correnteza associada a balseiros na região.

No bloco de quatro pilares, que divide uma margem da outra, está o problema mais grave. Um dos blocos que concreto está inclinado para a parte interna. São quatro pontas, onde a estrutura metálica está á mostra. Numa delas, a força da correnteza empurrou a estrutura, entortando a base, o que compromete o projeto.

No canteiro de obras, a reportagem tentou contato com o engenheiro da empresa ARLESTE Construções LTDA, responsável pelo projeto, mas  um operário informou que ele não estava no local.

Orçado em R$ 128 milhões de reais, o projeto original pode sofrer uma reformulação com o problema causado pelo acúmulo de balseiros e retardar todo o cronograma. A ponte terá 1.084 metros com 25 bases de pilastras de apoio. É justamente essa obra de fundação que pode estar comprometida.

Bloco de sustentação tendo na base coluna próximas, permite o acúmulo de balseiros

Especialista aponta possível erro de cálculo

Um engenheiro que atuou no projeto e que pediu para não ter o nome publicado, analisou o problema causado pelos balseiros e fez observações pertinentes. Segundo o especialista, o engenheiro projetista, talvez por desconhecer as peculiaridades da região, falhou na construção dos blocos.

Segundo o profissional, o projeto deixou as colunas muito próximas, o que facilita o acúmulo de balseiros nos blocos, o que faz aumentar a pressão da água, como está constatado nas fotografias que ilustram esta reportagem.

Ainda segundo esse engenheiro, somente no período de seca(vazante) será possível avaliar a situação. Para ele, uma das medidas a serem adotadas para corrigir o erro, seria a implantação de uma “cortina”, nos moldes da que foi aplicada na ponte do rio caeté, na BR 364, em Sena Madureira, onde foi detectado o mesmo problema durante a construção.

Uma das pilastras de sustentação sofreu uma forte inclinação

Marinha não divulgou resultado de investigação

Em agosto de 2015, a Delegacia da Capitania dos Portos, em Porto Velho, abriu investigação para apurar uma denúncia de sabotagem á obra da ponte. Segundo a denúncia, dois rebocadores da empresa RONDONAVE Navegações, que atua na travessia de veículos na Ponta do Abunã, teriam atingido propositalmente as pilastras da ponte. Segundo registros  da própria Marinha, os incidentes teriam ocorrido na madrugada dos dias 16 e 28 de julho.

Sob a responsabilidade do capitão de Corveta Félix Carlos Júnior, a investigação foi concluída noventa dias depois, mas até hoje a marinha não tornou público o resultado dessa apuração.

Neste novo problema, o DNIT evita falar sobre o assunto. O superintendente para Acre e Rondônia, Sérgio Augusto Mamanny foi procurado para dar uma versão sobre o caso, mas não atendeu nem retornou as ligações.

Por meio da assessoria de imprensa, informou que o responsável pelo projeto aquático é o engenheiro Alan Lacerda, que também não foi encontrado para se posicionar.

Fonte: A Tribuna

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Publicado por
Alexandre Lima