Cotidiano

Acre tem 56 mil pessoas em situação de fome e 301 mil em insegurança alimentar, aponta IBGE

Estudo revela que 301 mil acreanos vivem com algum grau de insegurança alimentar; situação grave atinge famílias com redução drástica de quantidade e qualidade das refeições

Outras 190 mil pessoas sofrem de insegurança leve, ou seja, passam alguma privação de alimentos durante o mês. Foto: captada 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2023 mostram que 56 mil pessoas no Acre enfrentavam a fome – estágio mais crítico da insegurança alimentar –, enquanto outras 245 mil viviam em situação de insegurança alimentar moderada ou leve. No total, 301 mil acreanos (o equivalente a cerca de 30% da população do estado) não tinham acesso pleno e permanente a alimentos em quantidade e qualidade adequadas no período analisado.

Conforme parâmetros do Ministério da Saúde, a insegurança alimentar grave (fome) ocorre quando há ruptura no padrão alimentar familiar, com redução severa de quantidade e qualidade dos alimentos, afetando inclusive crianças. Além desse grupo, 55 mil pessoas enfrentavam insegurança moderada – com restrição de alimentos entre adultos – e 190 mil estavam em insegurança leve, caracterizada pela preocupação com o acesso futuro aos alimentos ou comprometimento pontual da qualidade das refeições.

Os números colocam o estado entre os mais vulneráveis do Norte do país.
Os três níveis da insegurança alimentar no Acre
  1. INSEGURANÇA GRAVE (FOME)

    • 56 mil pessoas

    • Quebra total do padrão alimentar, com redução quantitativa para todos os membros da família, incluindo crianças

  2. INSEGURANÇA MODERADA

    • 55 mil pessoas

    • Adultos restringem quantidade de alimentos para poupar outros membros da família

  3. INSEGURANÇA LEVE

    • 190 mil pessoas

    • Qualidade da alimentação comprometida, mas quantidade ainda percebida como adequada

Contexto e Impactos

A situação é agravada por fatores como:

  • Isolamento geográfico de comunidades ribeirinhas e indígenas

  • Crise econômica pós-pandemia

  • Alta no preço dos alimentos acima da média nacional

O Ministério da Saúde alerta que a insegurança alimentar grave representa riscos especialmente para crianças, podendo causar desnutrição crônica e comprometimento do desenvolvimento cognitivo.

Dados de 2023 mostram que 30% da população acreana enfrenta algum grau de privação alimentar; situação grave atinge principalmente crianças. Foto: captada 

Respostas em Andamento
  • Governo estadual mantém o Programa Acre Sem Fome com distribuição de cestas básicas

  • ONGs atuam em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação (FAO)

  • Novos dados do IBGE para 2024 devem avaliar o impacto recente das secas no Vale do Juruá

Organizações da sociedade civil cobram a retomada urgente do Conselho de Segurança Alimentar estadual e políticas específicas para zonas rurais. Os números refletem um desafio estrutural no estado, onde fatores como isolamento geográfico, limitações logísticas e desigualdade social ampliam a vulnerabilidade das populações mais isoladas e de baixa renda.

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Publicado por
Marcus José