“O estado diz que é pobre, está na crise, mas gasta milhões com seu aparato governamental”, diz sindicalista Rosana Nascimento
Da Contilnet
Mais de 161 milhões de reais por ano: este é o valor gasto no Acre com altos cargos do governo e parlamentares do estado. O valor foi calculado após a recusa do governo em negociar com os professores em greve e alegar falta de recursos.
Partindo deste pressuposto, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Acre (Sinteac) lança a “Campanha em Favor da Diminuição dos Altos Salários no Acre”. A campanha é citada pelo sindicato como uma solução para o problema enfrentado pelo governo: a falta de dinheiro.
“O estado diz que é pobre, está na crise, mas gasta milhões com seu aparato governamental. Secretários, subsecretários, assessores, governo, vice-governadora, diretores de instituições, cargos comissionados, aposentadorias de ex-governadores, viúvas de ex-governadores, verbas de gabinete para parlamentares são alguns dos estragos que vemos no Acre. Se o Estado é pobre e não tem condições, dá de reduzir estes mais de 161 milhões que são gastos, por ano, com aparato governamental”, afirma Rosana Nascimento, presidente do sindicato.
A paralisação da categoria, que acontecia desde o dia 17 de junho e foi interrompida em agosto, que pautou a imprensa acreana e trouxe à tona assuntos recorrentes, que vão desde a pressão psicológica sofrida pelo sindicato até a postura agressiva do governo, comparada a de governos como São Paulo e Paraná, que obrigaram os professores a voltar para as salas de aula sem quaisquer sinais de negociação.
Como o governo afirma estar “à disposição para futuras conversas”, Rosana elenca, em pontos, como o governo pode valorizar a categoria e o povo, mesmo sofrendo com a “falta de recursos”.
“A casa do povo deve gastar muito menos. Porque um parlamentar deve ter a sua disposição cerca de R$ 100 mil mensais, se o estado é pobre? Um deputado estadual ganha cerca de R$ 26 mil e é agraciado de auxílios que chegam a R$ 100 mil. Isso é vergonhoso! Lutam tanto pelos direitos do povo, então deveriam deixar um valor desse a disposição do povo. Já que são governantes tão comprometidos, deveriam cortar esses gastos e garantir, com esse valor, uma educação pública de qualidade, saúde, mais cultura, lazer. Mas o que se vê é um estado mantendo um aparato governamental destes e sem utilidade nenhuma para a população”.
Enquanto os professores travavam com o governo uma de suas maiores lutas, Rosana conta que a Câmara Municipal de Rio Branco, por exemplo, estava preocupada com assuntos de menor relevância, como o Dia do Fusca.
“Para que serve a Câmara dos Vereadores? Pra marcar sessões solenes e discutir o Dia do Fusca? Isso é um absurdo. Temos várias pautas de interesse coletivo, e os nobres estão preocupados em instituir o Dia do Fusca?”.
Outro “problema” com o orçamento do governo está em gastar cerca de R$ 12 milhões com propaganda. Para um Estado em crise, Rosana afirma que isto é desnecessário.
“Mais de 12 milhões para propagandas do governo? Me responda uma coisa: em que isso vai beneficiar o povo? Isso não vai levar mais comida ao prato de quem está precisando, não vai levar salário a quem está recebendo menos de um salário mínimo. Precisa-se mudar essa postura e a sociedade precisa se movimentar. Chegou a hora de cobrar a transformação”.
São estes e outros problemas que o Sinteac, com a “Campanha em Favor da Diminuição dos Altos Salários no Acre”, quer resolver. A petição online já está disponível na Internet e você pode acessar através do link.
“Acreano tem espírito revolucionário. Fazemos parte de um estado que lutou pra ser brasileiro. E é com esse espírito que vamos nos unir e cobrar do governo uma postura mais digna. Se o fato de não ter dinheiro é um problema, a categoria está apontando a solução: reduzir os altos salários no Acre”.