Acre é o 5º estado mais violento para jovens, aponta observatório da Abrinq

O Acre é o quinto estado mais violento para jovens, segundo um levantamento feito pelo Observatório da Criança e do Adolescente da Fundação Abrinq e divulgado nesta terça-feira (24).

A falta de oportunidades de trabalho, estudo e de lazer podem ser a causa de tantas mortes precoces. O secretário de Segurança Pública do Acre (Sesp-AC), Vanderley Thomas, diz que os jovens estão sendo recrutados cada vez mais cedo pelas facções.

“Nós sabemos que os jovens estão sendo recrutados cada vez mais cedo para serem a mão de obra do mundo criminoso. São 79 vidas que se perderam. Nós, como Poder Público, temos a obrigação de buscar ações para reduzir cada vez mais esse número de mortes”, destaca.

Secretário da Sesp-AC afirma que jovens estão sendo recrutados cada vez mais cedo por facções criminosas (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)

Ao todo, o estado registrou 79 homicídios de menores de 19 anos em 2016. Durante todo o ano, foram registradas 361 mortes violentas no Acre, segundo a Abrinq. Desses casos, a taxa de jovens entre as vítimas de execução foi de 21,9%.

A fundação destaca que em relação a taxa de homicídios de crianças e adolescentes o Acre fica atrás apenas do Amapá (26,6%), Espirito Santo (23,8%), Alagoas (23,7%) e Distrito Federal (22%).

Estado registrou 79 homicídios de menores de 19 anos em 2016, diz Abrinq (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)

O secretário de Juventude do Acre, Ueverton Matias, afirma que não está conformado com o diagnóstico. Ele disse que é importante destacar que é uma realidade nacional o recrutamento de adolescentes para o mundo do crime.

Matias afirma que através de estratégias erradas de Segurança Pública o Acre, estado de fronteira, é colocado em uma situação ainda mais vulnerável.

“Nós estamos construindo estratégias envolvendo a cultura, educação e o esporte. Também estamos construindo oportunidades através da qualificação profissional”, destaca.

Secretário de Juventude diz que trabalham com cultura, educação e profissionalização de jovens para que eles não procurem o mundo do crime (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)

Apesar das iniciativas do governo, os jovens continuam sendo recrutados para trabalhar em grupos criminosos. As famílias continuam lamentando as perdas e a guerra entre as facções parece não ter fim.

Uma jovem, que não quis ser identificada, relata que teme pela própria vida. Ela perdeu a irmã para a guerra entre os grupos criminosos em Rio Branco.

“Uma perda irreparável, tanto para mim quanto para o meu pai e minha mãe e todos os familiares. A gente sabe que quem entra nessa vida tem um destino incerto, ou vai preso ou vai morto”, lamenta.

A delegada Elenice Frez, responsável pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), destaca que a própria facção da qual o jovem é integrante acaba o matando por medo de delações.

“Há o medo que eles relatem as diversas situações de atos criminosos praticados e ordenados por líderes criminosos acabam se “livrando” deles nessas situações”, finaliza.

Delegada da Depca diz que jovens são mortos por membros das próprias facções que temem delações (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)

 

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Publicado por
G1 Acre