Acre amplia leitos pediátricos para enfrentar surto de bronquiolite; 67 crianças internadas no Acre

Surtos de vírus sincicial respiratório levam a ocupação recorde em UTIs; SESACRE cria 30 novos leitos e alerta para sintomas em bebês

Aumento de casos de bronquiolite fez com que Saúde do AC abrisse mais leitos no Hospital da Criança, em Rio Branco.  Foto: Rede Amazônica

Rio Branco, 16/05/2024 – O Acre enfrenta um aumento preocupante de casos graves de bronquiolite em crianças, com 17 pacientes em UTIs pediátricas e 50 em enfermarias somente no Hospital da Criança. Diante da crise, o governo estadual anunciou a abertura de 20 novos leitos de UTI semi-intensiva e 10 de enfermaria no Into-AC, ampliando em 30% a capacidade de atendimento.

Cenário crítico nas pediatrias
  • 80% dos casos são causados pelo vírus sincicial respiratório (VSR), principal agente de bronquiolite em menores de 2 anos
  • Bebês abaixo de 3 meses representam os quadros mais graves, muitos necessitando de intubação
  • Hospital da Criança registra ocupação total das UTIs, com casos como o de Ravi, de 8 meses, que passou 8 dias entubado
Relatos que alertam

Eduarda Gomes, mãe de gêmeos internados, desabafa:

“Começou como uma gripe leve, mas evoluiu rápido. Meu filho ficou roxinho e precisou de UTI. Peço aos pais: evitem aglomerações!”

A médica Elizabeth Souza explica os sinais de alerta:

  • Respiração acelerada com afundamento das costelas
  • Lábios arroxeados e cansaço extremo
  • Chiado no peito e dificuldade para mamar
Novas estratégias de combate
  1. Ampliação emergencial de leitos no Into-AC
  2. Orientações preventivas para famílias de bebês
  3. Futura incorporação pelo SUS de:
    • Anticorpo monoclonal contra VSR
    • Vacina para gestantes (protege bebês no primeiro semestre)
Casos em evolução

Carlos Benício, 4 meses, mostra melhora após internação:

“Ele vai para casa, mas sem visitas – até um resfriado pode reagravar”, alerta a tia, Renê França.

Aumento de casos

Há quinze dias, Eduarda Gomes acompanha o filho Ravi no Hospital. Ele tem apenas meses de vida e enfrenta um quadro de bronquiolite. O irmão gêmeo Reynier também foi internado, mas já está em casa. Enquanto um se recupera, o outro ainda precisa de cuidados na unidade pediátrica.

“Eles começaram com uma gripezinha leve, como é sempre que começa a bronquiolite, aí foi se agravando, com um cansaço. A gente foi pro PS e fomos transferidos pra cá. O Ravi ficou um pouco mais grave e precisou ficar oito dias entubado, na UTI do Hospital da Criança”, disse ela.

A mãe ainda relata o quanto é difícil viver esse momento com os filhos
“É complicado, porque a gente fica com medo, sem saber o que fazer, ainda mais porque precisou ser entubado. Quem tiver seus filhos eu falo pra ficar em casa, não ficar saindo e evitar aglomeração, porque é difícil. A gente fica impotente, sem poder fazer nada”, lamentou Eduarda.

A médica intensivista pediátrica Elizabeth Souza explicou que a bronquiolite é uma doença viral aguda, que acomete crianças abaixo de dois anos e quanto menor a criança, maior a gravidade da doença nela. “Ou seja, crianças abaixo de três meses são as crianças que desenvolvem o quadro mais grave”, afirmou.

Elizabeth esclareceu que a falta de ar é o principal sintoma que motiva a internação da criança.

“Aquela criança que respira fazendo barulho ou que a barriguinha fica num movimento muito rápido na respiração, afundando as costelas, essas crianças às vezes ficam um pouco roxinhas nos lábios, são as crianças que geralmente são internadas pra receber a hidratação, se houver necessidade recebe oxigênio também, que é o tratamento básico da bronquiolite”, evidenciou.

Para ampliar a proteção, o Ministério da Saúde divulgou em fevereiro que irá incorporar ao Sistema Único de Saúde (SUS) duas tecnologias: um anticorpo monoclonal e uma vacina destinada às gestantes, capaz de gerar imunidade aos bebês nos primeiros meses de vida.

A expectativa é de que as novas estratégias protejam bebês como o Carlos Benício, que tem apenas quatro meses e já precisou de internação por conta de complicações respiratórias. O pequeno já apresentou melhora e deve voltar para casa ainda esta semana.

“O quadro dele está bem melhor, graças a Deus. Vai pra casa e terminar a recuperação em casa, ele tem que tá bem isolado, sem visita de familiares para não levar bactérias para ele”, comentou Renê França, tia de Carlos.

Bronquiolite

A doença começa com sintomas de resfriado comum, mas que podem evoluir de forma prejudicial. Inicialmente, pode apresentar, coriza clara, tosse, obstrução nasal, febre, irritabilidade e dificuldade para se alimentar.

Nestes pacientes, por serem muito novos e não conseguirem expectorar a secreção, os sintomas podem progredir para tosses mais intensas, dificuldade para respirar e chiado no peito. Nesses casos, a orientação é procurar um médico e o mais brevemente possível.

Outro sintoma preocupante é o que os médicos chamam de retração de fúrcula, ou seja, o afundamento da região do pescoço, logo acima do osso chamado esterno.

Entenda como ocorre a bronquiolite — Foto: Arte g1/Kayan Albertin

O VSR (vírus sincicial respiratório) está associado a até 80% dos casos de bronquiolite, inflamação que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões, e a até 40% dos registros de pneumonia em crianças menores de 2 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Existe vacina disponível contra o VSR na rede privada e o Sistema Único de Saúde (SUS) já anunciou que também vai oferecer o imunizante.

Os médicos afirmam que é importante reforçar algumas medidas que previnem os bebês de contraírem a doença:
  • Sempre higienizar corretamente as mãos ao segurar um bebê;
  • Evitar levar o bebê em locais com pouca ventilação;
  • Não permanecer com o bebê em locais onde haja fumaça de tabaco;
  • Evitar a exposição do bebê a pessoas com sintomas respiratórios;
  • Desinfectar superfícies e objetos potencialmente contaminados.

Crianças prematuras e com problemas cardíacos ou pulmonares estão no grupo de risco. Além disso, em alguns casos, pode haver predisposição genética para episódios mais graves.

A médica intensivista pediátrica Elizabeth Souza explicou que a bronquiolite é uma doença viral aguda, que acomete crianças abaixo de dois anos e quanto menor a criança, maior a gravidade da doença nela.

A SESACRE reforça que lavar as mãos, evitar beijos em bebês e manter ambientes ventiladossão medidas cruciais. Enquanto as novas tecnologias não chegam, a rede pública se prepara para um inverno de desafios na pediatria acreana.

Com Vitória Guimarães/Hellen Monteiro

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Publicado por
Marcus José