Em situação de emergência desde o dia 11 de junho por conta da seca antecipada, o Rio Acre, principal afluente do estado, está abaixo de 2 metros na capital há mais de 40 dias. Nesta sexta-feira (26), o manancial marcou 1,51 metro, sendo este o menor registro em 2024 até então, e o pior para o período nos últimos cinco anos.
A situação contrasta com a vivenciada entre fevereiro e março, quando o Acre passou pela segunda maior enchente de sua história desde 1971, ano em que a medição começou a ser feita. Na época, a inundação provocada pelo Rio Acre fez com que mais de 11 mil pessoas deixassem suas casas.
Agora, mais de quatro meses depois, os acreanos vivem o contrário da cheia com prejuízos em diversos setores como:
O alerta máximo para seca em Rio Branco é de 2,69 metros, acendendo atenção para problemas como falta d’água e irrigação de plantações em comunidades isoladas da capital. O rio está abaixo desta marca desde o dia 28 de maio, quando o registro foi de 2,68 metros. Dois dias depois, em 30 de maio, a marca apontada pela Defesa Civil municipal foi de 2,52 metros.
A situação alertou para um período de seca que, segundo especialistas, pode se antecipar e se tornar cada vez mais frequente em um menor espaço de tempo.
“A previsão que temos do Instituto de Pesquisa Internacional é que para os próximos meses, ainda teremos chuvas abaixo do normal. Isso significa que se a previsão estiver certa, teremos menos água e isso é exatamente quando entramos nesta época seca. Estamos no caminho de um verão antecipado”, disse Foster Brown, pesquisador em Ciências Ambientais da Universidade Federal do Acre (Ufac).
Os meses seguintes, junho e julho, foram de quedas sucessivas nas medições e cenários ainda mais preocupantes sobre falta de chuvas.
Os produtores, por exemplo, relataram que a seca tem atrasado o crescimento das plantações, a exemplo do milho, da macaxeira e da melancia, já que não há chuvas significativas na região. Eles já haviam sido afetados pela cheia, quando o nível do Rio Acre havia estragado seus plantios.
“Era para começar a colher em outubro, mas acho que não vai chegar no tamanho ideal para mercado. Provavelmente não vai dar mercado. O período mais crítico da produção é nos 30 primeiros dias de vida, quando tem o trabalho para desenvolver, mas acabou perdendo esse período por conta da seca e atrasou”, lamentou o produtor Pedro Ferreira, que recomeçou em março, mas agora depende da natureza para irrigar o plantio.