“A fatura está encerrada”, diz Gladson Cameli sobre barganha de aliados por cargos no governo

A seguir, a segunda das três partes da entrevista, na qual o chefe do Executivo estadual continua o balanço dos seus seis meses de gestão

Dando sequência à entrevista concedida pelo governador Gladson Cameli (Progressistas), com exclusividade ao ContilNet em seu gabinete no Palácio Rio Branco, na noite da última terça-feira (2), ele responde a perguntas sobre os problemas em sua articulação política, principalmente na relação com a base aliada na Assembleia Legislativa (Aleac) e defende a contratação de pessoal por meio da realização de concursos públicos em seu governo.

Gladson acredita que deve substituir os cargos em comissão por vagas que possam ser preenchidas por meio de concursos e assim, com uma só medida, equacionar duas questões: reduzir a barganha política dos aliados por estes cargos na estrutura do Estado e economizar os gastos com pessoal, efetivando concursados no quadro do funcionalismo público.

Governador Gladson Cameli responde a perguntas do ContilNet./Foto: ContilNet

A seguir, a segunda das três partes da entrevista, na qual o chefe do Executivo estadual continua o balanço dos seus seis meses de gestão e fala ainda sobre a atual situação das finanças, sobre como está o erário público, ou seja, o cofre do Estado.

Governador, sobre a articulação política no seu governo, vamos relembrar alguns fatos que aconteceram neste seis meses. Havia uma recomendação do MPE para que o secretário Wagner Sales fosse exonerado devido aos processo que responde por improbidade administrativa e ele acabou saindo. Neste papel também tinha o ex-deputado Ney Amorim, que também saiu. Na Aleac, o primeiro líder do governo, deputado Gerlen Diniz (Progressistas), já foi substituído. Recentemente o atual líder, deputado Luiz Tchê (PDT), chegou a sinalizar que também deixaria a função. A que o senhor atribui tudo isso? Por que tantas coisas tem acontecido nessa relação política do governo com seus aliados e com a Assembleia Legislativa?

É uma situação. Estou vivenciando uma crise, contando centavo por centavo… não estou querendo dizer que eles são culpados ou que estão querendo interferir nessa situação, mas tudo é questão de diálogo. O Gerlen pediu porque não estava conseguindo ter um diálogo com os colegas dele e eu sei que nenhum vai poder chegar lá na frente e dizer que o governo Gladson Cameli não quis diálogo com eles. Por exemplo, o deputado Roberto Duarte, que é um deputado independente, eu o convidei, por ter sido autor de uma lei, para que me acompanhasse sancionando essa lei. Isso para ter uma ideia de que a gente trata realmente com muita democracia.

O Wagner teve essa situação jurídica, mas sempre está nos acompanhando e nos ajudando. O Ney é meu irmão, meu amigo, digo no sentido de amizade, maior respeito e carinho. O Ney não estava conseguindo compartilhar sua vida pessoal com a questão governo, com articulação política e pediu para sair. Agora está o Alysson [Bestene] lá e estou apostando na questão da articulação e o deputado Tchê como líder do governo.

O Tchê, graças a Deus, está tendo esse bom relacionamento da base com o governo, mas tem um detalhe: a questão de atender a base na participação direta ou indireta no governo, a fatura encerrou.

Com isso, o que o senhor espera dessa base?

Que faça o seu papel de legislar. Eu não estou pedindo que venham a aprovar aquilo que possa prejudicar o Estado, até porque tudo que eu mandar para lá, são projetos para beneficiar o estado. Não vou mandar nada que venha a prejudicar o nosso mandato e a vida das pessoas.

Pelo o que o senhor está falando, a demanda da Assembleia para cá estava maior do que a demanda do Palácio para o Legislativo?

Se a sua pergunta se refere a cargos, eu digo que sim. Quinze vezes mais. Agora é natural. Eu fui parlamentar e entendo os parlamentares e sei que há uma cobrança das pessoas. Por exemplo, um dos maiores gargalos que nós temos é o pessoal pedindo emprego e não trabalham. É por isso que eu sou um fã número um do concurso público. Quando eu olho para o semblante, como no início das aulas dos aprovados para a Polícia Civil que eu convoquei, daqueles jovens lá no Teatro da Ufac, esperando que a gente convoque os cadastros de reserva, então são essas pessoas que nós temos que valorizar, as pessoas que passam num concurso público.

Isso quer dizer que a população pode esperar mais concursos públicos no seu governo?

A minha ideia e eu vou conseguir, não sei se nesse semestre, mas é diminuir essa questão de cargos comissionados, que eu já fiz um grande corte e andei voltando atrás, criando alguns a mais, mas não nomeei todos para que a gente possa incentivar mais o concurso público. Estamos abrindo o edital do Depasa, já autorizei a Seplag [Secretaria de Planejamento e Gestão] a publicar. Estamos convocando 200 novos professores efetivos do concurso passado, contratei no primeiro semestre 7.500 provisórios e a ideia é essa. Normalizando os professores provisórios para efetivos através de concursos públicos para que eles possam ter os direitos iguais.

E o pessoal do Pró-Saúde o senhor já chegou a dizer que iria mantê-los. Isso está garantido? Como o governo vai fazer?

Podem ficar tranquilos. Eu adianto aqui que não vou demitir ninguém do Pró-Saúde. Estou procurando uma brecha na lei. Já prorrogamos por um ano. Ainda não sei como vamos fazer, mas vamos ter que achar uma solução para eles. Estão trabalhando e eu estou precisando. Tem o novo concurso da saúde que já edital aberto e eu estou muito otimista porque tem muitas coisas boas vindo aí.

Agora falando em saúde financeira do Estado. O senhor não tem medido palavras para dizer que herdou uma situação difícil. Por outro lado, diz-se o repasse do FPE [Fundo de Participação dos Estados] aumento no ano de 2019. Como é que está esse balanço financeiro hoje? Como o governo tem feito para equilibrar essas contas e qual é a perspectiva em relação às finanças do Estado?

Corrigindo essa informação, o FPE não aumentou não. Pelo contrário, diminuiu comparando com junho do ano passado. Agora o pessoal não está entendendo como é que eu estou “chorando” tanto, como diz aquele ditado “chorando miséria” e estou pagando adiantado. Sabe o que é? Um mais um não é dois? Pessoal tem que relembrar que quando eu assumi a estrutura da máquina do governo Tião Viana comparado com o governo Gladson Cameli na primeira reforma, nós reduzimos em torno de 55%da máquina. Eu cortei, se não me falha a memória, 2.300 cargos. Fora prédios alugados e um monte de situações que mandei entregar. Esse é um ponto.

Agora, para fazer os ajustes, retomei, no máximo, 500 mas não foram todos nomeados porque não deixei para acabar com esse negócio de cargos comissionados. Economizando centavo por centavo e renegociando todos os contratos, consegui fazer caixa. Tinha um pessoal devendo para o Estado e consegui detectar, renegociamos e fizemos com que eles pagassem. Aí, juntando tudo, consegui economizar e adiantar uma parte do décimo terceiro e pagando dívida. Eu já paguei de dívida para fornecedores, mais de R$ 65 milhões da gestão passada.

Eu não gosto muito de dizer isso, mas às vezes eu sou obrigado porque as pessoas me perguntam. Eu não gosto porque parece que eu estou olhando para o retrovisor, mas tenho que dar satisfação do dinheiro que está sendo gasto e tenho que pagar para atualizar as contas e colocando o trem no trilho, mas ainda não está do jeito que eu quero, mas vai ficar.

continua…

Na terceira e última parte o governador responde a perguntas sobre cartel na Saúde, máfia no Depasa, o novo Pronto Socorro, Reforma da Previdência, combate à violência,  e sobre a cena comendo farinha seca e banana em plena solenidade.

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