A dúvida de manter ou raspar a barba para se proteger do coronavírus

Uma das dúvidas que circula nas redes sociais é se o vírus pode se instalar nos pelos do rosto e cabelo

Com a pandemia do novo coronavírus, cresce a dúvida se é mais seguro manter ou remover a barba

Jéssica Otoboni Da CNN, em São Paulo

Com as recomendações das autoridades de saúde para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, as pessoas começam a rever os próprios hábitos para tentar se proteger. Uma das dúvidas que circula nas redes sociais é se o vírus pode se instalar nos pelos do rosto e cabelo. E diante da dúvida, alguns resolveram abandonar a barba como forma de proteção. Mas será que isso realmente é necessário

Segundo o infectologista Helio Bacha, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), as pessoas não precisam se preocupar tanto com isso e sim em manter a higiene. “Recomendamos a todos os profissionais de saúde que não tenham barba por causa da máscara, que, se não fixar direito, não tem o isolamento necessário”, explica.

Quanto à população em geral, “depende de como a pessoa se cuida”, ressaltou Bacha, acrescentando que não há estudos oficiais que indiquem que o vírus possa instalar nesses pelos do rosto.

Pelo sim, pelo não…

O autônomo Aimoré Crepaldi, de 30 anos, chegou a ler matérias e teses com opiniões divergentes sobre se deveria cortar a barba, mas como não obteve uma resposta satisfatória, preferiu se livrar dos pelos.

“Eu estava sem fazer grandes cortes na minha barba há quase 1 ano e meio. Por conta disso, na parte maior, que crescia na região do queixo, os pelos já estavam no meio do meu peito”, contou.

“Eu estava sem fazer grandes cortes na minha barba há quase 1 ano e meio”, disse Aimoré Crepaldi; ele removeu a barba por causa da pandemia de COVID-19 – Foto: Aimoré Crepaldi / Arquivo pessoal

Crepaldi afirmou que não tinha a menor intenção de remover o que chamava de seu “bebê”, mas o surto de coronavírus o fez mudar de opinião. “Preferi pensar que a barba cresce. A saúde dos meus ‘velhinhos’, não”, disse ele ao mencionar os pais, que têm mais de 65 anos.

Até o jogador Wallace Leandro, da Seleção Brasileira de Vôlei, entrou na onda e raspou a barba. Em sua conta no Instagram, ele disse que, com a pandemia da COVID-19, “todos temos que estar conscientes e fazer a nossa parte” e “não pensei duas vezes” sobre remover os pelos. Ele chegou, inclusive, a desafiar colegas jogadores Bruno Rezende (Bruninho), Gustavo Bonatto (Gustavão) e Mauricio Souza a fazerem o mesmo.

 

Helio Bacha lembra que a recomendação aos funcionários da área da saúde inclui também não usar relógios e alianças, por exemplo, independente da COVID-19. “Não dá para fazer uma recomendação única sobre isso. Depende da higiene da pessoa. E poderia até esbarrar em condições culturais e religiosas”, diz ele sobre uma orientação para a remoção da barba.

Ao saber disso, Crepaldi não se arrepende da decisão. “Diferente do meu cabelo, que a calvície levou precocemente, posso deixar a barba voltar a crescer quando eu quiser”, disse.

Além de ajudar os pais, ele conta que também está fazendo compras para a tia, com mais de 70 anos, e a avó, de 99 anos, como forma de evitar que elas saiam de casa, já que fazem parte do grupo de risco. “Mesmo com especialistas dizendo o contrário, nenhuma questão estética vai ser mais importante que a minha consciência tranquila”, afirmou ele.

Com relação ao cabelo comprido – se é preciso cortar ou não -, Bacha explica que a recomendação é a mesma, sendo a higiene o mais importante. “O risco maior é ir ao cabeleireiro”, brinca.

Cuidado com as informações

Importante também é se atentar e não se deixar enganar por informações erradas ou mal interpretadas divulgadas na internet. Recentemente, passou a circular em redes sociais e alguns portais uma ilustração do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) que mostrava cortes de barbas considerados adequados ou não.

A conclusão foi que o CDC estaria orientando as pessoas a rasparem a barba. A imagem, que realmente é do CDC, data, na realidade, de 2017 e trata-se de um guia voltado aos profissionais da área da saúde que usam máscaras ou respiradores para se protegerem no trabalho, sem ligação específica com o novo coronavírus.

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Publicado por
Marcus José