Manifestantes bloqueiam rodovia e acusam agentes de ações violentas e ilegais; vídeos circulam nas redes sociais

Manifestantes denunciam destruição de casas, máquinas incendiadas e expulsão de famílias; órgão ambiental não se pronunciou sobre as acusações. Foto: captada
Um protesto liderado por moradores e produtores rurais do Ramal do Cassirian, no km 25 da BR-364, manteve o trecho conhecido como “Ramal do 25” completamente bloqueado desde as 8h da manhã desta terça-feira (20). Cerca de 250 manifestantes ocupam a rodovia em protesto. A manifestação segue intensa mesmo com chuva, reunindo dezenas de pessoas que acusam o Ibama de fiscalizações abusivas na região.
Os manifestantes relatam que agentes do órgão ambiental destruíram casas, queimaram máquinas e expulsaram famílias de terras ocupadas há mais de três décadas. Em vídeos e áudios divulgados nas redes sociais, moradores afirmam que as ações ocorreram sem mandado judicial, com aplicação de multas e incêndio de bens.
“Eles chegaram como se fôssemos criminosos, queimando tudo sem explicação. São terras onde vivemos e trabalhamos há anos”, disse um produtor rural que preferiu não se identificar.
O grupo cobra respostas das autoridades estaduais e federais, exigindo o respeito aos direitos de posseiros e pequenos agricultores. Até o fechamento desta edição, o Ibama não havia se manifestado sobre as denúncias.
A manifestação – que completa mais de 24 horas – mantém a rodovia totalmente fechada para veículos, afetando o transporte de cargas, passageiros e insumos essenciais.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que equipes permanecem no local para garantir a segurança e mediar negociações. Em nota, a corporação informou que trabalha para viabilizar liberações provisórias de forma ordenada, além de intermediar o diálogo entre os manifestantes e autoridades.
Cenário no local:
Produtores rurais e moradores montaram barreiras com pneus e troncos;
PRF evita confronto e prioriza solução pacífica;
Tráfego de caminhões com alimentos e combustível está paralisado.

A manifestação, iniciada de manhã, seguiu intensa mesmo com chuva, reunindo dezenas de pessoas que acusam o Ibama de fiscalizações abusivas na região. Foto: cedida
Reivindicações:
Os manifestantes repetem as críticas às fiscalizações do Ibama, que classificam como “violentas e ilegais”, e agora cobram:
- A suspensão imediata das operações na região;
- Indenização pelas perdas materiais;
- Presença de representantes do governo federal para negociação direta.

Protesto contra ação do Ibama fecha BR-364 em Sena Madureira. Foto: Asscom/Segov-AC
A superintendente do Ibama, Melissa Machado, chegou após às 16h desta terça no local. A superintendente se reuniu com um grupo de manifestantes e explicou que a área fiscalizada é reserva e na região foi constatado desmatamento.
Sobre a possível truculência, Melissa destacou que o recomendado é que os moradores apresentem denúncias à ouvidoria do Ibama do Amazonas.
Segundo o Ibama, foram identificados e embargados, durante a operação, mil hectares de áreas desmatadas sem autorização, resultando na aplicação de multas no valor de R$ 10 milhões aos infratores.
Além disso, foram apreendidas armas de fogo, munições, motosserras, máquinas pesadas e tratores utilizados na extração ilegal de madeira e na abertura de novas frentes de desmatamento.
“Os projetos agroextrativistas, como o PAE Antimary, desempenham um papel fundamental na preservação da floresta amazônica e na garantia do sustento das comunidades tradicionais, que vivem do manejo de produtos florestais. No entanto, a crescente ocupação irregular dessas áreas por grupos organizados de grileiros ameaça não apenas a biodiversidade da região, mas também a segurança e o modo de vida das populações que dependem da floresta para sobreviver”, disse o órgão.

Ibama faz operação de fiscalização no Acre. Foto: Ibama
Nota da PRF
A Polícia Rodoviária Federal informa que, neste momento, a BR-364, no km 263, em Sena Madureira, encontra-se interditada por cerca de 250 manifestantes desde as 08 horas.
Equipes da PRF estão no local para garantir a segurança de todos os envolvidos e atuam para:
- Negociar a liberação imediata de veículos de emergência e pessoas em situação de vulnerabilidade;
- Intermediar liberações provisórias de forma ordenada;
- Ouvir os anseios dos manifestantes e buscar, na medida do possível, soluções conciliadoras.
A PRF aguarda a chegada de representantes do IBAMA para avançar nas tratativas com o grupo.
Seguimos acompanhando a situação e manteremos novas atualizações.
Polícia Rodoviária Federal – Acre.
Veja vídeo:
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