Cotidiano
“Frio, calculista e possessivo”, sobrinha da vítima relembra primeiro crime de Natalino Santiago
Caso de 2000 expõe histórico de brutalidade de Natalino Santiago, agora preso após o feminicídio de Auriscléia Lima
Redação Agazeta.Net
Antes de tirar a vida de Auriscléia Lima do Nascimento, de 25 anos, no município de Capixaba, Natalino Santiago já carregava um passado marcado por extrema violência. O primeiro crime dele aconteceu há quase 25 anos, em setembro de 2000, e teve como vítima Silene de Oliveira. Uma jovem que, assim como Auriscléia, teve sua vida interrompida por um homem que não aceitava rejeição.
Naquela época, Silene estava grávida de dois meses e morava na zona rural de Senador Guiomard. O crime aconteceu em um domingo, enquanto o marido dela e outros familiares estavam fora de casa. Natalino, que era conhecido da família, se aproveitou da ausência de testemunhas adultas para atacar.
De acordo com relato de uma sobrinha da vítima, Silene foi brutalmente agredida dentro da própria casa, na frente dos dois filhos pequenos, de três e seis anos. “Ele tentou abusar da minha tia. Ela reagiu, correu pela casa, lutou pela vida e pelos filhos. Mas ele a perseguiu e a matou com dezenas de facadas, inclusive no pescoço”, contou.
A violência foi além: mesmo após a morte de Silene, Natalino cometeu estupro, desrespeitando o corpo da vítima enquanto os filhos assistiam à cena. “Ele é frio, calculista, a possessividade dele chega a esse extremo. Ele é um monstro, um lobo em pele de cordeiro”, disse a sobrinha da vítima.
Um padrão que se repetiu
Pouco tempo depois, Natalino foi preso e condenado pelo crime. Mas o ciclo de violência não terminou ali. Em 2011, ele voltou a matar. Desta vez, no bairro Palheiral, em Rio Branco. Por esse crime, também foi condenado.
Mesmo com duas condenações por homicídio e uma por estupro, Natalino teve direito à progressão de regime e chegou a passar para o semiaberto. No entanto, ele descumpriu as condições e passou a ser considerado foragido da Justiça.
Foi assim, com um mandado de prisão em aberto, que ele se estabeleceu em Capixaba, onde passou a se autointitular pastor e a liderar uma pequena igreja ao lado da casa onde, no último dia 11 de junho, cometeu o feminicídio de Auriscléia Lima.
A captura e o alerta
Quatro dias após o crime, a Polícia Civil localizou Natalino escondido em uma área de mata. Ele se entregou temendo represálias da população. A Justiça decretou sua prisão preventiva, levando em consideração não só o feminicídio recente, mas também o histórico de violência e a fuga do sistema prisional.
Agora, Natalino volta ao regime fechado. As penas anteriores, somadas, chegam a mais de 35 anos de reclusão.
A importância de ouvir e proteger
A história de Silene, assim como a de Auriscléia, é um alerta doloroso para a sociedade. A reincidência de Natalino Santiago revela as falhas de um sistema que, por vezes, não consegue proteger as mulheres de agressores conhecidos e perigosos.
O feminicídio é um crime que, muitas vezes, é precedido por sinais: ameaças, agressões, perseguições e histórico de violência. Por isso, é fundamental que mulheres em situação de risco busquem ajuda o mais cedo possível. Delegacias especializadas, órgãos de defesa da mulher e canais como o 180 estão disponíveis para acolhimento e orientação.
Silene, Auriscléia e tantas outras vítimas não podem ser apenas nomes em processos ou estatísticas. Elas são histórias de vida interrompidas por um ciclo de violência que a sociedade precisa, urgentemente, combater.
Canais de Ajuda
A denúncia e o rompimento do ciclo de violência são passos desafiadores, mas necessários, que demandam suporte de familiares, amigos e instituições especializadas. O acolhimento da vítima é essencial para romper o ciclo de violência e desvincular-se do agressor.
As vítimas podem procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pelo telefone (68) 3221-4799 ou a delegacia mais próxima.
Também podem entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque 180, ou com a Polícia Militar do Acre (PM-AC), pelo 190.
Outras opções incluem o Centro de Atendimento à Vítima (CAV), no telefone (68) 99993-4701, a Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), pelo número (68) 99605-0657, e a Casa Rosa Mulher, no (68) 3221-0826.
Com informações exclusivas do repórter Luan Rodrigo para TV Gazeta
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Vasco apresenta reforços e foca na fase decisiva do Estadual Sub-20

Foto PHD: Carlos e Xandeco devem estrear contra o Andirá no último jogo da 1ª fase
A diretoria do Vasco apresentou nesta terça, 8, o zagueiro Xandeco e o atacante Carlos, ambos do Rio de Janeiro, para a disputa da fase final do Campeonato Estadual Sub-20.
“As chegadas do Xandeco e do Carlos qualificam ainda mais o nosso elenco. Tínhamos esses dois garotos sendo avaliados e estou bem confiante para o momento decisivo do campeonato”, declarou o técnico Erick Rodrigues.
Devem estrear
O Vasco fecha a participação na primeira fase do Estadual na terça, 15, na Arena da Floresta, contra o Andirá.
“Fechamos as contratações e os dois atletas devem estrear contra o Andirá. Esse jogo será importante para começarmos a montar o time para o duelo eliminatório das quartas”, explicou o treinador.
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Indígenas do Acre temem conflito com maior povo isolado do mundo

Grupo Mashco Piro em aparição rara no Rio Las Pedras em Madre de Dios, no Peru — Foto: Survival International
Os Mashco Piro, considerados o maior grupo indígena em isolamento voluntário do mundo, enfrentam uma crise crescente na Amazônia, na faixa de fronteira entre o Acre, no Brasil, e o Peru. Pressionados por madeireiros, narcotraficantes, garimpeiros e os impactos da crise climática, esses povos têm cruzado com maior frequência para o lado brasileiro, especialmente na Terra Indígena Mamoadate, em busca de refúgio contra a violência e a devastação em seus territórios originais no Peru. Esta matéria é resultado de uma apuração do jornal O GLOBO, com produção em conjunto com o jornal britânico The Guardian.
A ausência de políticas binacionais efetivas agrava a vulnerabilidade, colocando em risco a sobrevivência desse grupo autônomo. No lado peruano, a região de Madre de Dios é palco de conflitos históricos. Desde os anos 2000, concessões madeireiras, que cobrem mais de 176 mil hectares sobrepostos a áreas usadas pelos Mashco Piro, geram confrontos. Entre 2016 e 2024, 81 ocorrências foram registradas, incluindo quatro casos de violência, como o confronto que resultou na morte de dois madeireiros e o desaparecimento de outros dois. “Não sabemos quantos isolados morreram, mas acreditamos que alguns perderam a vida nesses conflitos”, diz Julio Cusurichi, líder indígena de Madre de Dios.
No Acre, a pressão não é menor. Secas extremas, incêndios florestais e alterações nos rios, intensificados pela crise climática, reduzem a oferta de alimentos e forçam os Mashco Piro a se aproximarem de aldeias, como na invasão de malocas na aldeia Extrema, em 2024, onde levaram utensílios e comida. “Onde não há proteção, há garimpeiros, narcotraficantes e madeireiros empurrando os Mashco Piro para nossas comunidades”, alerta Lucas Manchineri, líder indígena local.
A proteção aos Mashco Piro exige colaboração entre Brasil e Peru, mas a cooperação é insuficiente. Um acordo assinado em 2014 não foi renovado, e a ausência de políticas específicas transforma a fronteira numa “terra de ninguém”. No Peru, 19 postos de controle monitoram reservas indígenas, mas sofrem com cortes orçamentários. “Muitas vezes, temos apenas dois funcionários por posto, ou nenhum”, relata Romel Ponciano, agente Yine em Monte Salvado.
No Brasil, a Funai monitora os Mashco Piro na TI Mamoadate e, em janeiro de 2025, criou o Território Indígena Mashco do Rio Chandless, com 538.338 hectares. Porém, a construção de estradas, como a planejada entre Santa Rosa do Purus e Manoel Urbano, ameaça fragmentar seus territórios. “As estradas no lado brasileiro são uma grande preocupação”, diz Maria Luiza Pinheiro Ochoa, da Comissão Pró-Indígenas do Acre.
No Peru, a extração de madeira, mesmo em concessões certificadas pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC), continua sendo uma fonte de tensão. Empresas como a Maderera Rio Acre operam em áreas propostas para ampliação da reserva Madre de Dios, que já foi expandida em 2016, mas ainda exclui territórios essenciais aos Mashco Piro. “As regras do FSC não mencionam povos isolados”, critica Carla Cárdenas, advogada ambiental, que propõe proibir certificações em áreas com indícios de isolados.
Autoridades locais, como o prefeito de Tahuamanu, Rubén Darío, defendem a madeira como motor econômico, questionando a necessidade de proteger terras indígenas. Já defensores extrativistas, como o ex-presidente Alan García, chegaram a negar a existência dos Mashco Piro, apesar de evidências claras, como pegadas e incidentes com madeireiros.
A violência e a escassez de recursos alteraram o comportamento dos Mashco Piro. “Só vemos homens e meninos nas praias, protegendo os mais vulneráveis”, observa Isrrail Aquise, da Fenamad. No Acre, os Manchineri, que chamam os Mashco Piro de “parentes desconfiados”, notam deslocamentos fora de época. “Eles aparecerão em maior número antes do verão, o que é incomum”, diz Lucas Manchineri, pedindo presença estatal para evitar conflitos ou contatos forçados que podem levar a contaminações.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos exigiu, em 2024, melhorias na proteção aos povos isolados, mas o Peru enfrenta resistências internas. No Brasil, o Ministério dos Povos Indígenas dialoga com o Peru para um novo acordo, mas a lentidão frustra lideranças indígenas. Organizações locais propõem “corredores territoriais” de 25 milhões de hectares, mas, sem ação concreta, os Mashco Piro seguem encurralados.
“Eles não entendem o desmatamento. Perguntam por que derrubamos as árvores grandes”, conta Ponciano, que tentou dialogar com os Mashco Piro. A resposta deles ao convite de contato resume sua posição: “Vocês são maus”. Enquanto madeireiros, narcotraficantes e a crise climática avançam, a proteção efetiva desses povos exige urgência e compromisso de ambos os lados da fronteira.
A matéria original do O GLOBO pode ser acessada na íntegra clicando aqui.
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3° Batalhão prepara II Festival de pipas
O 3° Batalhão de Polícia Militar da PMAC realizou uma reunião na segunda-feira, 08, na sede do batalhão para tratar da organização do II festival de pipas “Céu limpo, vida segura”, promovido pela unidade operacional com apoio de diversos parceiros.
A iniciativa visa conscientizar o adeptos da prática de brincar com pipas em locais apropriados e com linhas permitidas, além de fomentar a cultura e a brincadeira tradicional.
Estiveram presentes na reunião representantes de Ministério Público, Defensoria Pública, Rbtrans, Energisa, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal, SEST/SENAT, Saneacre, Secretaria de Educação e Procon.
A tenente-coronel Cristiane Soares, comandante do 3°BPM, falou sobre o encontro com as instituições e sobre as atividades que serão realizadas. “A reunião foi fundamental para alinharmos com as instituições parceiras as ações da campanha ‘Céu Limpo, Vida Segura’ 2025, que retorna neste mês com blitzes educativas e fiscalização ao comércio, reforçando o combate ao uso de linhas cortantes. Encerramos com o anúncio do II Festival de Pipas, que será realizado no dia 19 de julho a partir das 8h, no Arena Race, com oficinas de confecção de pipas, campeonato e atividades para toda a família, promovendo um lazer seguro e consciente para nossas crianças e adolescentes”, finalizou.
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