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Evo Morales foge da Justiça na selva boliviana e planeja retorno à Presidência

Imagem: Emiliano Lasalvia/AFP
Em um canto tropical da Bolívia, num complexo pertencente a uma estação de rádio voltada para cultivadores da coca, frequentemente usada para fabricar cocaína, um ex-presidente está se escondendo da lei.
Ele está entrincheirado em um bunker, protegido por um acampamento repleto de seguidores leais armados com pedaços de pau. Eles estão prontos para rechaçar qualquer tentativa de prendê-lo sob acusações de tráfico humano e estupro de menor.
Um homem com cabelo escuro e liso, usando uma camisa azul com detalhes brancos. Ele está sentado em uma cadeira, olhando para frente com uma expressão séria. O fundo é de uma parede clara.
Evo Morales, outrora uma estrela mundial da esquerda progressista, celebrado por comandar uma economia próspera após se tornar o primeiro líder indígena de uma das nações mais pobres da América Latina, agora passa seus dias confinado em um vilarejo isolado.
Ele está planejando um retorno à Presidência e sonha em recuperar o cargo na eleição de agosto, mas os tribunais já o declararam inelegível, e Morales enfrenta a ameaça de prisão caso saia do complexo. Ele não se intimida nem mesmo com as provocações de um dos poucos bilionários da Bolívia, que ofereceu uma recompensa de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5 milhões) por sua captura.
A complexa realidade da política boliviana significa que Morales teria boas chances de vencer se pudesse concorrer, independentemente das acusações contra ele. Uma recente alta da inflação está alimentando uma onda de nostalgia, especialmente entre os mais pobres do país, pelos 14 anos em que Morales esteve no poder até 2019.
Naquele período, ele ganhou projeção global ao nacionalizar a próspera indústria de gás e defender os direitos indígenas. Ele era um herói da esquerda, posando ao lado de Fidel Castro, Hugo Chávez e até do cineasta Sean Penn. Durante seu governo, a economia boliviana cresceu a uma taxa impressionante de 5% ao ano, quase o dobro da média da América Latina, segundo o Banco Mundial.
Esse cenário contrasta fortemente com os últimos anos, marcados pela maior inflação em mais de três décadas, escassez de combustível que afeta o dia a dia da população e uma forte desvalorização da moeda local.
Poucas pessoas de fora viram Morales pessoalmente desde que um juiz ordenou sua prisão em janeiro, após acusações de que ele teria mantido um relacionamento sexual com uma menor de idade. Ela teria dado à luz um filho dele em 2016.
Ele nega qualquer irregularidade, e seus apoiadores dizem que as acusações têm motivação política. Eles estabeleceram postos de controle nas rodovias ao redor da cidade de Lauca Ñ, no estado de Cochabamba, e bloquearam ruas para protegê-lo da polícia.
O bunker onde ele se esconde é a sede da rádio Kawsachun Coca, voltada para os cultivadores da folha de coca. A planta pode ser refinada para produzir cocaína, mas também é usada legalmente em sua forma bruta nos Andes como estimulante leve e remédio para o mal da altitude.
Segundo estimativas da ONU, Cochabamba produz até US$ 110 milhões (R$ 600 milhões) em folhas de coca por ano, grande parte desviada para a produção ilegal de cocaína. Nos arredores de Lauca Ñ, há placas por toda parte oferecendo folhas de coca prensadas, muitas vezes adoçadas e misturadas com bicarbonato para suavizar seu amargor e aumentar sua potência.
Morales, que ganhou notoriedade nacional nos anos 1990 como líder de um sindicato de produtores de coca, está no local desde outubro, e o acampamento ao seu redor tem crescido.
Cerca de 2.000 apoiadores estão prontos para defendê-lo se necessário. Todos os dias, às 10h, eles marcham ao redor do bunker brandindo pedaços de pau em uma demonstração de força e unidade.
“Quem entrar para prendê-lo não sairá vivo”, disse um membro da equipe de segurança a repórteres da Bloomberg durante uma visita recente ao complexo. Vestido com uniforme camuflado, fone de comunicação no ouvido e pochete com equipamentos adicionais, ele se recusou a se identificar, mas disse se chamar Jhon Connor”, em referência ao protagonista dos filmes “O Exterminador do Futuro”.
Morales vive em uma propriedade murada, de onde lidera sua campanha — ou o que resta dela — em um escritório cheio de fotos e livros que celebram sua trajetória. De sua mesa, ele encara uma fotografia sua com a faixa presidencial. À esquerda, uma imagem com a inscrição: “O melhor presidente da história da Bolívia.” À direita, uma foto sua ao lado de Castro e Chávez.
Durante sua Presidência, de 2006 a 2019, Morales exerceu um poder tão grande que alterou leis e trocou juízes para garantir três mandatos consecutivos e disputar um quarto, algo que juízes nomeados sob sua administração disseram ser seu “direito humano”. O tribunal do atual governo, menos favorável a Morales, o declarou inelegível devido ao limite de mandatos, mas ele contesta a decisão.
Quando repórteres da Bloomberg foram convidados para entrevistá-lo na semana passada, ele rejeitou perguntas sobre a possibilidade de não poder concorrer.
“Não há plano B”, disse antes de encerrar abruptamente a entrevista após apenas dez minutos. “É pátria ou morte. Temos de ser autorizados a concorrer.”
Muitos ainda têm lembranças dolorosas de sua última campanha. Em 2019, ele foi acusado de tentar fraudar as eleições, enquanto ele denunciava um golpe contra seu governo. Acabou fugindo para o México em meio a protestos que deixaram pelo menos 37 mortos.
Retornou em 2020, quando seu ex-ministro da Economia, Luis Arce, foi eleito presidente. No entanto, Arce passou de aliado a inimigo, dizendo em dezembro e em janeiro que era um “segredo aberto” que o ex-presidente gostava de meninas menores de idade.
Morales nega as acusações e chegou a afirmar que Arce tentou matá-lo em outubro, apresentando como prova um vídeo que supostamente mostra ele e seus assessores em um carro sendo alvejados a tiros. O governo de Arce nega a acusação e diz que o incidente ocorreu depois que Morales furou um posto de controle policial.
Arce deve concorrer à reeleição este ano, segundo um de seus principais assessores, e tomou o controle do partido Movimento ao Socialismo, ao qual Morales pertencia. Por isso, o ex-presidente precisou encontrar outro partido para lançar sua candidatura.
Marcelo Claure, ex-executivo do SoftBank e um dos poucos bilionários da Bolívia, prometeu financiar a campanha de qualquer candidato que possa derrotar Morales e Arce. Ele tem encomendado pesquisas e avaliado o cenário político fragmentado para decidir em qual candidato de direita apostar, mas ainda não anunciou uma escolha. Em fevereiro, ele postou no X uma foto de um cartaz de “procurado” com a imagem de Morales.
Em meio ao caos político e ao crescente descontentamento com a economia e a inflação, os apoiadores do político pedem seu retorno.
“Não temos mais dinheiro”, disse María Luz Ticlla, 46, agricultora que participa do acampamento. “Gostaríamos que ele voltasse ao poder porque, com seu governo, tínhamos tudo; com este governo, não temos nada.”
Uma visita ao refúgio dá uma noção dos desafios para prendê-lo. O chefe da polícia boliviana confirmou a ordem de prisão, mas afirmou que as autoridades tentam evitar violência ao entrar no acampamento.
A área onde o ex-presidente está escondido sempre foi sua fortaleza política devido ao apoio aos produtores de coca.
Ele continua confiante de que pode vencer a eleição de agosto, se puder concorrer, mostrando aos repórteres documentos que, segundo ele, indicam pesquisas internas favoráveis. Ele insiste que sua candidatura não é por ambição pessoal, mas porque os bolivianos pedem seu retorno.
Ao ser questionado sobre os obstáculos legais para concorrer, encerrou abruptamente a entrevista: “Desculpe, estou terminando a entrevista. Não quero me envolver em suposições. Isso é coisa da direita, é coisa do governo atual.”
Enquanto os repórteres saíam, Morales os observava da janela.
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Mega-Sena: Dupla de Páscoa pagará R$ 50 milhões

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Já está em R$ 50 milhões a estimativa da Caixa Loterias para o prêmio da Dupla de Páscoa, da Mega-Sena. Será o maior valor a ser pago nesta modalidade.
Os apostadores têm até as 19h do sábado (19) para se dirigir às lotéricas, ao portal ou ao app Loterias Caixa para fazer seu joguinho – e, quem sabe, ter a grande sorte de viver uma vida de milionário.
O sorteio será também no sábado, a partir das 20h, horário de Brasília, no Espaço da Sorte, em São Paulo.
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Influenciadores digitais são presos por suspeita de lavar R$ 42 milhões em esquema de jogos ilegais no Pará
Dupla, incluindo o “Mago das Unhas”, já havia sido detida em 2023; polícia apreendeu itens de luxo e carro importado durante operação
Os influenciadores digitais Noelle Araújo e Gleison Soares, conhecido como “Mago das Unhas”, foram presos nesta quinta-feira (17) em Belém, durante operação da Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos do Pará. Eles são investigados por lavagem de dinheiro vinculada a jogos de azar online, incluindo o popular “Jogo do Tigrinho”.
Esta é a segunda vez que a dupla é detida pelo mesmo crime. Em dezembro de 2023, eles já haviam sido presos na Operação Truque de Mestre, mas continuaram as atividades ilegais. Desta vez, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão, confiscando celulares, artigos de luxo e um carro importado.
As investigações revelaram que os influenciadores movimentaram 20 milhões em transações – incluindo R$ 1,54 milhão em apenas 60 dias. Para esconder a origem do dinheiro, teriam usado “laranjas”.
A dupla foi levada à delegacia para prestar depoimento e agora aguarda decisão judicial. O caso expõe o uso de redes sociais para esquemas financeiros criminosos no estado.
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Polícia prende suspeito de tráfico em Castanhal e apreende fuzil feito em impressora 3D
Eluan Costa Reis era apontado como um dos principais distribuidores de drogas na região; ação também confiscou oxi, maconha e munições
Um homem foi preso nesta semana no bairro Jaderlândia, em Castanhal (PA), suspeito de comandar pontos de venda de drogas na região. Durante a operação, policiais civis apreenderam um fuzil de fabricação caseira – produzido com impressora 3D –, além de munições, entorpecentes e materiais ligados ao tráfico.
O preso, identificado como Eluan Costa Reis, é investigado por ser um dos principais responsáveis pelo comércio ilegal de drogas em diversos bairros da cidade. A ação, conduzida pela 12ª Seccional Urbana de Castanhal, encontrou em seus domínios dois tabletes de oxi, uma grande quantidade de maconha, 19 munições calibre .40 e um celular, que será periciado.
Esta é a segunda apreensão de arma artesanal do tipo no Pará apenas em abril. O primeiro caso ocorreu no dia 7, em Benevides, região metropolitana de Belém, evidenciando a crescente circulação desse tipo de armamento no estado.
Eluan foi autuado em flagrante por tráfico de drogas e posse de arma de uso restrito. Após depoimento, ele foi encaminhado ao sistema prisional. As investigações continuam para desarticular a rede criminosa ligada ao suspeito.
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