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Acre

Ética e estética do jornalismo como fonte de pesquisa e documento histórico

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Por Silvania Pinheiro

Os cursos de pós-graduações estão repletos de pesquisadores ávidos pelos conteúdos jornalísticos. Habita neles a resposta para muitas perguntas, o desvendar de mistérios que a superfície da história, antropologia e sociologia em dados momentos não rememoram.

O olhar crítico do sujeito jornalista que ora comunica, mesmo embutido em ideologismos e subjetivismos concretos e abstratos, atrai os instintos humanos incansáveis pelo questionável e o silêncio do não dito.

Ir além do óbvio. Compreender os significados e significantes dos discursos que transitam nas textualidades midiáticas é uma proposta ousada do ponto de vista científico, porém necessária para que o próprio autor discursivo observe e reflita sobre sua compreensão das palavras e das coisas pensadas, faladas e reverberadas sobre o Outro através da tecitura impostas por suas mentes sempre alertas aos fatos cotidianos.

Os textos jornalísticos são por si só repletos de problemáticas diversas uma vez que retratam rotinas de sociedades em movimento em interações culturais, políticas e sociais constantes. Nesse contexto, estão contidas as vivências e saberes não somente dos sujeitos protagonistas das matérias midiáticas, mas também do sujeito autor (jornalista).

Os manuais de redação e estilo biblicamente adotados pelos profissionais de imprensa ensina que o sujeito autor dos textos devem permanecer neutros acerca dos fatos por eles narrados, dando, portanto, ao conteúdo transmitido a terceiro a devida imparcialidade da notícia reproduzida.

Uma utopia digna das representações que Roger Chartier narra acerca da historiografia e literatura, motivando rupturas necessárias sobre os enunciados dos escritos dos intelectuais de outrora. Nesse sentido penso que os textos jornalísticos transformam e rompem com suas descrições por eles próprios.

Esse percurso de sentidos nos impele a ir além do superficial, debater argumentos pré-estabelecidos, utilizando a análise do discurso na historicidade de textos concebidos e das tecituras discursivas sobre a relação fonte e jornalista. Quem analisa discurso, segundo Orlandi (1990), compreende, portanto, que “a história não são os textos em si, mas a discursividade”.

Ao abordar os quesitos éticos da comunicação como instrumento de disseminação de informação, é necessário atentar, ainda, para as tentativas de silenciamento e o apagamento da memória e identidade de sujeitos uma vez que tornam-se, através das narrativas jornalísticas, transgredidos, desfigurados e desordenados.

Assim, é necessário problematizar o sentido, pois o discurso oficial não nos permite refletir e interpretar o que é dito e o que não é dito de maneira cristalina. É necessário desmontá-lo. Coisas antagônicas são invocadas com os mesmos gestos e apresentadas com palavras diferentes, fazendo-se necessário pensar o contexto das falas oficiais, e como historicamente esses conceitos nascem, pois, o campo da linguagem nos regula.

A escrita tem como papel registrar a história, e nesse contexto as narrativas jornalísticas são indispensáveis para discorrerem sobre fatos antigos e contemporâneos tal como os livros que relatam a dinâmica memória dos indivíduos desde a antiguidade.

Na teoria, na dinâmica dos sentidos da linguagem nossa globalidade torna-se desordenada, e somente é possível se inserir nela rompendo com enquadramentos convencionais como sugere os autores do pós-estruturalismo, onde a visão binária desaparece e o debate passa a ser transferido para o campo da linguagem, pois a modernidade desmonta o que é sólido e o que não é.

A partir de uma premissa pós-estruturalista, passamos a exercitar nosso olhar sobre tudo que nos é apresentado. Somos convidados a pensar nossa história de maneira problemática, questioná-la. Datas festivas, comemorativas, cívicas, por exemplo, são repetições escritas no tempo e vividas no corpo, uma continuação que gera objetos discursivos, como o corpo, por exemplo. Portanto, não somos corpos sujeitos, mas corpos objetos.

Por isso Foucault (2008) questiona a retórica de humanização das prisões, o paradoxo da Revolução Francesa, que mudou o sistema de crucificação e tortura para prisão. Elementos como a loucura, o saber, a sexualidade e o poder são abordados por Foucault (2008) de maneira questionadora, trazendo mudanças para o olhar do pesquisador (e o que é o jornalista senão um exímio pesquisador?), já que as mudanças estão no olhar e na forma de pensar. O discurso regula o corpo, e esse mesmo corpo promove ações discursivas em torno de nós.

Somos chamados a observar os enunciados, desmontando o signo linguístico, demolindo documentos, nos dando uma visão preponderante para discutirmos a comunicação social através da análise dos pensamentos, na busca além da palavra dita e da invenção cultural e política dos argumentos estabelecidos nas textualidades que constroem a estética das narrativas midiáticas.

O emissor que exercitar o senso crítico em torno da notícia construída certamente fará um convite indispensável àqueles que refletem e valorizam a ética e a estética da informação recepcionada.

Silvania Pinheiro é jornalista e mestre em Letras: Linguagem e Identidade pela Universidade Federal do Acre (UFAC).

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Arlete Amaral se desliga do cargo de vereadora e assume Secretaria de Assistência Social em Brasiléia

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Vereadora e Vice-Presidente do Legislativo Municipal abandona mandato para encabeçar a pasta de Assistência Social

Nesta quarta-feira, 24 de abril, o município viu uma mudança significativa na gestão de sua Secretaria de Assistência Social. Arlete Amaral, vereadora e vice-presidente do poder legislativo local, foi empossada no cargo, substituindo Djahilson Américo, que deixou a função para buscar uma vaga no legislativo como pré-candidato a vereador.

A transição exigiu que Arlete se desligasse de suas responsabilidades como vereadora, passando o posto para seu suplente, João Rocha. Essa movimentação política, embora rotineira em certos aspectos, traz consigo implicações importantes para a dinâmica política do município.

Enquanto Djahilson Américo se lança em uma nova empreitada política, buscando representar os interesses da comunidade no poder legislativo, Arlete Amaral assume uma nova responsabilidade administrativa. Sua entrada na Secretaria de Assistência Social demonstra uma mudança de foco e prioridades, colocando-a no centro das ações voltadas para o bem-estar e desenvolvimento social da população local.

Em entrevista, Arlete expressou sua determinação em fazer uma gestão eficiente e voltada para as necessidades reais da comunidade, destacando a importância do trabalho em equipe e da colaboração com outros órgãos e entidades sociais.

Surpreendendo muitos, Arlete também anunciou que não pretende mais se candidatar ao cargo de vereadora, optando por se dedicar integralmente à sua nova função na Secretaria de Assistência Social.

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MPAC discute profissionalização e escolarização da população em situação de rua

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O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da Promotoria de Direitos Humanos, com apoio do Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial (Natera), reuniu-se na última quarta-feira (24) com representantes da Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Estadual de Assistência Social, Senai, Ieptec, Movimento Nacional da População em Situação de Rua e Centro Pop para discutir ações de profissionalização e escolarização da população em situação de rua.

A reunião, conduzida pelo promotor de Justiça Thalles Ferreira Costa, teve como objetivo principal buscar soluções para garantir o acesso à educação e ao trabalho para esse público vulnerável. De acordo com representantes da população em situação de rua, existe um cadastro com quase 70 pessoas que já possuem experiência em alguma área e/ou precisam de cursos para requalificação profissional, além de outros que desejam participar de curso de alfabetização.

Na ocasião, Senai e Ieptec se colocaram à disposição para oferecer cursos profissionalizantes gratuitos para esse público, com acompanhamento do MPAC e outros parceiros na iniciativa. O MPAC também buscou, em diálogo com a Secretaria Municipal de Educação, a reativação de um projeto de educação no Centro Pop para promover alfabetização para esse público, com oferta de professor, alimentação, material didático e transporte para os alunos.

“Nosso objetivo é reunir possíveis parceiros e buscar alguns compromissos para avançar em pautas como educação e profissionalização, que são extremamente importantes para garantir a dignidade das pessoas em situação de rua”, destacou o promotor de Justiça.

Fotos: Gabriel Vitorino (estagiário)

Fonte: Ministério Publico – AC

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Prefeitura de Rio Branco participa de seminário sobre leitura e escrita na educação infantil

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A Prefeitura de Rio Branco participou, no auditório do Detran, nessa terça-feira (23), da abertura do seminário “O Leei e as experiências de leitura das crianças na educação infantil”. O Leei é um programa de leitura e escrita na educação infantil.

O seminário formativo é realizado pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), em parceria com as prefeituras e a Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE). A formação dos professores acontecerá até quinta-feira, dia 25 de abril, sob a responsabilidade dos professores Nadson Araújo dos Santos e Tatiane Castro dos Santos, ambos da Ufac.

A professora Gleice Souza, diretora de Ensino da SEE, explicou que a formação é voltada para os professores da educação infantil, onde o MEC, com o apoio da rede estadual – que também fez a adesão ao Compromisso Criança Alfabetizada – e das redes municipais, realiza um trabalho com o foco voltado para a política territorial.

“O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada foi lançado em 2023. Então, iniciamos esses processos formativos, que já realizamos no interior e agora temos aqui equipes das escolas de Rio Branco, os nossos coordenadores, para discutirmos o Leei”, disse.

A diretora explicou ainda que um dos objetivos do Leei é colocar o aluno em contato com a leitura de maneira lúdica, de maneira prazerosa.

A professora Tatiane Castro reforçou que o Leei faz parte da Política Nacional de Alfabetização, cujo objetivo é formar os professores da educação infantil, especialmente os professores dos 4º e 5º anos do ensino fundamental, anos iniciais.

“Essa formação é importante para que eles possam trabalhar questões de linguagem, de leitura e de escrita na educação infantil, com o objetivo de fazer com que os professores possam desenvolver práticas de leitura e escrita efetivas com as crianças”, salientou.

A secretária Municipal de Educação, Nabiha Bestene, destacou a formação dos professores da educação infantil como “importantíssima”.

“As crianças estão iniciando a fala, a escrita, estão na fase de crescimento, e houve prejuízos na pandemia. Agora, estamos tentando recuperar com essas formações, atualizando e qualificando as pessoas”, enfatizou.

Fonte: Prefeitura de Rio Branco – AC

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