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Educação transforma vida de detento que cumpre pena há 11 anos no Complexo Penitenciário de Rio Branco

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J.S. concluiu ensino fundamental e médio na prisão e foi premiado em competição de redação; caso ilustra impacto de projetos educacionais no sistema prisional

Detento J. S. explica que a educação foi muito importante para ele. ‘Decidi me dedicar aos estudos’. Foto: Diogo José/Iapen

Com Isabelle Nascimento

A história de J.S., um detento que cumpre pena há 11 anos no Complexo Penitenciário de Rio Branco, ilustra o poder transformador da educação no sistema prisional. Chegou à unidade com estudos apenas até a quinta série, mas durante o período de reclusão matriculou-se na Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Fábrica de Asas, onde concluiu tanto o ensino fundamental quanto o médio.

Em depoimento ao site do governo do Acre, J.S. relatou: “Foi bom, porque quando eu vivia lá fora, eu não tinha tempo para isso. Foi um canto onde eu fui refletir e procurei mudar, porque já tinha complicado muito a minha vida. Então decidi me dedicar aos estudos”. Após terminar o ensino médio, ele realizou um curso de teologia e participou de projetos de leitura desenvolvidos dentro da unidade.

Seu empenho rendeu frutos: em 2019, J.S. foi premiado com o segundo lugar em uma competição de redação promovida pela Defensoria Pública da União. O caso exemplifica as oportunidades educacionais oferecidas pelo sistema prisional acreano, que incluem desde alfabetização e EJA até ensino médio e cursos profissionalizantes nas modalidades presencial, híbrida e a distância (EAD).

Oferta de educação formal em unidades prisionais do Acre aumentou desde o início da oferta. Foto: Zayra Amorim/Iapen

A educação formal começou a ser ofertada em ambiente prisional no Estado, em 1998, no presídio Manoel Neri da Silva, em Cruzeiro do Sul, com a oferta de apenas 15 vagas para alfabetização. De lá para cá, muita coisa mudou, e esse número cresceu. Em 2024 eram 662 pessoas privadas de liberdade matriculadas em atividades de educação formal, e no primeiro semestre de 2025 esse número subiu para 801, sendo oferecidas nas oito unidades prisionais do Acre.

Além disso, outras atividades, como projetos de leitura, são desenvolvidas na área de educação não formal. Em todo o estado, os projetos de leitura desenvolvidos dentro dos estabelecimentos penais somam 1.533 participantes.

Roselí Albuquerque, diretora da Escola Fábrica de Asas, localizada no Complexo Penitenciário de Rio Branco, ressaltou que a educação é essencial para a ressocialização. Foto: Diogo José/Iapen

A diretora da Escola Fábrica de Asas, Roselí Albuquerque, reitera a importância da educação para o retorno dos privados de liberdade à sociedade: “A educação tem um significado e um sentido. No momento, eles estão privados da liberdade, mas eles precisam sair, e quando eles saírem terão oportunidade de emprego. Além da educação básica, quem está no ensino médio e no fundamental, na quarta etapa, está fazendo também qualificação profissional. Então, eles vão sair com a qualificação profissional, vão ter autonomia, vão ter realmente a ressocialização”.

Detento E. F. P. diz que educação é ‘a única forma que eu consigo acreditar que eu posso sair daqui e ter um emprego’. Foto: Diogo José/Iapen

Assim como J. S., o detento E. F. P. chegou no presídio sem ter concluído o ensino fundamental e ele acredita que o estudo é o que vai lhe possibilitar sair e se recolocar no mercado de trabalho. “A escola dá uma esperança pra gente. A única forma que eu consigo acreditar que eu posso sair daqui e ter um emprego, é porque eu consegui passar essas coisas, porque antes eu não tinha nem o ensino fundamental”.

Uma das chaves para conseguir ampliar as vagas para educação formal veio após a pandemia, é o que explica a chefe da Divisão de Educação Prisional, Margarete Santos.

“Depois da pandemia, a gente conseguiu ver a possibilidade de execução das atividades indiretas. E essas atividades passaram a ser reorganizadas pela Secretaria de Estado de Educação que, a partir de então, elaborou uma proposta pedagógica que admite atividades educacionais diretas com um professor em sala de aula e um percentual indireto, onde ele recebe material e desenvolve no interior da cela. Nessa perspectiva, nós dobramos a capacidade de educação em todo o estado”, ressaltou.

Chefe da Divisão de Educação Prisional, Margarete Santos, explica que após a pandemia ‘a capacidade de educação foi dobrada em todo o estado’. Foto: Zayra Amorim/Iapen

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Assermurb e Furacão do Norte são campeões da Copa Acre Soçaite

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Foto Mayrla Oliveira: Furacão do Norte conseguiu vencer em uma decisão muito equilibrada

Assermurb, no feminino, e Furacão do Norte, no masculino, conquistaram nessa sexta, 14, na quadra do Tancredo Neves, o título da Copa Acre Soçaite.

A Assermurb bateu o São Francisco por 4 a 3 e o Furacão do Norte derrotou o Fox Milan por 2 a 1.

Quadra lotada

A quadra do Tancredo Neves, mais uma vez, ficou lotada para os confrontos da Copa Acre. A competição foi um sucesso dentro e fora da quadra e a Federação Acreana de Futebol Soçaite 7(FAF7S) promete um calendário mais extenso na temporada de 2026.

Avaliação positiva

O presidente da FAF7S, Jaime Morais, avaliou de maneira positiva o primeiro evento da entidade.

“Cometemos alguns erros, mas no geral a avaliação é positiva. Temos um planejamento ousado para a próxima temporada e a ideia é consolidar a modalidade, inclusive, com a participação em competições nacionais”, afirmou Jaime Moreira.

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PSC e Villa City decidem Campeonato Estadual da Série B

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Foto João Valente: O goleiro Estéfeson é uma peça importante no PSC

PSC e Villa City, de Manuel Urbano, decidem neste sábado, 15, a partir das 20h20, no ginásio Álvaro Dantas, o título do Campeonato Estadual de Futsal da Série B. As duas equipes entram em quadra sem vantagem e se a partida terminar empatada, o campeão vai ser conhecido na prorrogação ou nas penalidades.

Ganhar protagonismo

PSC e Villa City estarão na 1ª Divisão em 2026. As duas equipes querem ser protagonistas na elite e por isso devem ampliar o investimento.

Goleiros são destaques 

Os goleiros Estéfeson, do PSC, e Speed, do Villa City, são os destaques das duas equipes. A decisão também terá esse duelo entre os paredões.

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Acre reduz feminicídios em 20% em 2024, mas mantém alta taxa de tentativas de assassinato de mulheres

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Estado registrou 8 feminicídios, menor número da série histórica, mas ocupa 4ª posição nacional em tentativas de homicídio contra mulheres; 62% dos assassinatos femininos foram por razões de gênero

Apesar da redução, o feminicídio permanece como principal causa das mortes violentas de mulheres no estado: 62% dos homicídios femininos foram classificados como feminicídios em 2024. Foto: captada 

O Acre registrou uma redução de 20% nos feminicídios em 2024, com oito mulheres assassinadas por razões de gênero – o menor número da série histórica iniciada em 2015. Apesar da queda, o estado mantém um alerta: 62% dos homicídios de mulheres foram feminicídios, e o Acre ocupa a 4ª posição nacional em tentativas de homicídio contra mulheres, com taxa de 20,05 casos por 100 mil mulheres, mais que o dobro da média brasileira (8,22).

Os dados do Anuário de Indicadores de Violência 2015-2024 do MPAC mostram que a taxa de feminicídios no estado caiu de 2,29 para 1,82 por 100 mil mulheres. No período de 2017 a 2024, o Acre reduziu em aproximadamente 65% o número total de homicídios de mulheres, passando de 37 para 13 casos. No entanto, a violência de gênero permanece como desafio estrutural, com a proporção de feminicídios em relação ao total de homicídios femininos mantendo-se elevada.

Evolução dos indicadores
  • Feminicídios 2024: 8 casos (redução de 20%)
  • Taxa por 100 mil mulheres: 1,82 (era 2,29 em 2023)
  • Total de homicídios femininos: 13 (15 em 2023)
  • Feminicídios/total: 62% (67% em 2023)
Contexto nacional
  • Posição no ranking: 4º lugar em tentativas de homicídio contra mulheres
  • Tendência histórica: Redução de 65% nos homicídios femininos desde 2017

Os dados revelam um cenário paradoxal: enquanto os feminicídios consumados caem no Acre, as tentativas permanecem em patamar preocupante, indicando que a violência de gênero segue como desafio estrutural, exigindo políticas preventivas e de proteção às mulheres em situação de risco.

Apesar dos avanços quantitativos, a persistência de altos percentuais de feminicídios entre os homicídios femininos revela a natureza estrutural da violência de gênero no estado, demandando políticas específicas de prevenção e enfrentamento à violência doméstica.

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