Acre
Acre receberá R$ 13,6 milhões para restaurar 1.200 hectares na Reserva Extrativista Chico Mendes
Recursos do Fundo Amazônia serão destinados exclusivamente à recuperação ambiental de área equivalente a 1.200 campos de futebol na reserva emblemática

A expectativa é de que, em toda a Amazônia Legal, sejam plantadas cerca de 67 milhões de árvores e recuperados 4,6 mil hectares de áreas degradadas, com a criação de 1.680 novos empregos verdes. Foto: captada
Os Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciaram o resultado do edital de seleção do Restaura Amazônia, ação que apoia a recuperação ecológica e produtiva da Amazônia Legal, especialmente no chamado Arco da Restauração. A iniciativa destina R$ 126 milhões do Fundo Amazônia para impulsionar ações de reparação em 80 assentamentos, com benefício direto para cerca de 6 mil famílias.
A divulgação foi realizada na abertura do evento “Participação Social na Agenda de Ação COP30”, no Centro de Convivência Athos Bulcão, Universidade de Brasília (UnB).
O Acre foi contemplado com R$ 13,6 milhões em recursos do Fundo Amazônia destinados exclusivamente à restauração ecológica de 1.200 hectares na Reserva Extrativista Chico Mendes. O investimento específico para a reserva representa parte dos R$ 126 milhões anunciados para o estado e focará na recuperação de áreas degradadas equivalentes a aproximadamente 1.200 campos de futebol.
Detalhes do projeto na RESEX Chico Mendes:
Área a ser restaurada: 1.200 hectares
Investimento específico: R$ 13,6 milhões
Localização: Reserva Extrativista Chico Mendes
Tipo de intervenção: Restauração ecológica
A Reserva Extrativista Chico Mendes, criada em 1990 em homenagem ao líder seringueiro assassinado, é uma das unidades de conservação mais emblemáticas da Amazônia brasileira, abrangendo territórios de vários municípios acreanos. Os recursos permitirão implementar técnicas de recuperação florestal que beneficiarão diretamente as comunidades extrativistas que dependem da floresta em pé para seu sustento.

O programa Restaura Amazônia também foca na criação de mecanismos de governança participativa, com assessoria técnica especializada, capacitação e multiplicação do conhecimento em gestão ambiental comunitária. Foto: captada
O recurso viabilizará 17 projetos localizados em sete estados, são eles: Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins. Aproximadamente 4,6 mil hectares de terras devem ser recuperados com a medida, que prevê o plantio de 6,7 milhões de árvores e a geração de 1.680 novos empregos. A estratégia é fruto do segundo bloco de editais do programa, publicado em abril deste ano. No total, as chamadas receberam 64 propostas.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que o ato evidencia o conjunto de medidas lideradas pelo presidente Lula para recuperar o protagonismo do Brasil na agenda ambiental, comprometido com a justiça social e a democracia. “Para a gente mostrar que é possível um novo ciclo de prosperidade, dessa vez, sem deixar ninguém para trás: mulheres, jovens, indígenas, quilombolas e o povo preto. Por isso, a COP30 tem que ser a COP da implementação”, declarou.
Liderado pelo MMA e gerido pelo BNDES, o Fundo Amazônia é considerado a maior iniciativa mundial para a redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD+) e um dos principais instrumentos de execução da política ambiental e climática brasileira.
A composição financeira do fundo, explicou Marina Silva, está diretamente ligada ao desempenho que o país tem alcançado com a redução do desmatamento. Isso porque alguns financiadores internacionais, por exemplo, condicionam o envio de recursos à redução das emissões brasileiras, que é atingida pela queda desse índice, sobretudo na Amazônia.“Toda vez que a gente consegue reduzir a emissão de CO₂ e o desmatamento, podemos captar recursos”, ressaltou a ministra.
Os esforços do governo federal para reduzir o desmatamento já permitiram a queda de 46% no bioma em 2024, quando comparado a 2022. A meta é zerar a taxa de todos os biomas até 2030.
Em sua fala, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, destacou que o programa potencializa a conservação da biodiversidade e amplia a produção sustentável de alimentos para a população local. “Nesse processo de reflorestamento através de sistemas agroflorestais, vamos dar conta do desenvolvimento econômico e da produção de alimentos para o povo da Amazônia”, afirmou.

Anúncio ocorreu na abertura do evento “Participação Social na Agenda de Ação COP30”, no Centro de Convivência Athos Bulcão, da Universidade de Brasília (UnB) – Foto: Rogério Cassimiro/ MMA
Restaura Amazônia
O Restaura Amazônia dialoga com o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), que tem como meta recuperar 12 milhões de hectares de florestas em todo o país até 2030. O plano é o principal instrumento da Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg).
Nesse contexto, o Restaura apoia projetos de restauração ecológica e produtiva de florestas nativas na Amazônia Legal, no chamado Arco do Desmatamento, a partir de chamadas públicas. A medida integra o projeto Arco da Restauração, que receberá um aporte total de R$ 1 bilhão, com R$ 450 milhões não reembolsáveis do Fundo Amazônia, destinados ao Restaura Amazônia. O valor foi anunciado pelo governo federal em 2023.
“Essa é uma ação histórica voltada para o restauro florestal. O Brasil está de um lado enfrentando o desmatamento e de outro reconstruindo a Amazônia, restaurando a Amazônia”, frisou a presidente em exercício do BNDES, Tereza Campello.
Governança fundiária
MMA, MDA e BNDES apresentaram ainda a aprovação de R$ 148,7 milhões, também do Fundo Amazônia, para fortalecer a governança fundiária na Amazônia Legal. A ação será executada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em parceria com o MDA, e deve garantir a titulação de terras para 13 mil famílias de 33 assentamentos.
Os recursos serão utilizados para aprimorar a inteligência territorial, modernizar os sistemas e bases de dados, ampliar a capacidade operacional do Incra e dos entes federativos e promover o georreferenciamento e a regularização fundiária de terras públicas e assentamentos.
Participação Social na Agenda de Ação COP30
Iniciativa da Secretaria-Geral da Presidência da República, o evento reuniu representantes do Fórum Interconselhos e dos Fóruns de Participação Social dos Estados da Amazônia Legal para consolidar as contribuições da sociedade civil para a conferência.
Ainda na abertura, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, enfatizou que o diálogo entre o governo federal e a sociedade civil é fundamental para construir propostas concretas para combater a emergência climática. “A participação social não é um anexo, rodapé ou vitrine, é a espinha dorsal da agenda climática do país. Estamos caminhando para a COP com uma das maiores participações sociais da história”, destacou. “É a COP dos resultados, onde a vida real propõe, e o compromisso pode virar resultado concreto na vida das pessoas”.
A avaliação foi reforçada pelo presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago. “A participação social é o coração da COP30. O que precisamos assegurar é a manutenção dessa tradição do Brasil de ter uma ampla participação social”, pontuou.
Estiveram presentes na solenidade a ministra de Ciência e Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; a secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência da República, Kelli Mafort; a reitora da UnB, Rozana Naves; a secretária Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Edel Moraes; o secretário nacional de Participação Social da Presidência da República, Renato Simões; a deputada federal Antônia Lúcia e a campeã da Juventude para a COP30, Marcele Oliveira.
Com Assessoria Especial de Comunicação Social do MMA

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Acre
Carreta que saiu do Acre interdita Rodoanel em SP por suspeita de bomba
Carreta ficou atravessada na pista, na altura do km 44, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, bloqueando o trânsito por cerca de cinco horas

Motoristas encontraram caminhoneiro amarrado dentro de carreta atravessada no Rodoanel Mário Covas nesta quarta-feira (12). Foto: Montagem
O motorista da carreta que saiu do estado do acre, interditou por quase 5 horas na manhã desta quarta-feira (12) um trecho do Rodoanel na altura de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, foi descoberto primeiro por outras pessoas que passavam pelo local e foram entender o que acontecia com a carreta que bloqueava a pista.
O condutor da carreta aparentava estar em estado de choque e contou ao grupo o que havia ocorrido. Foram essas mesmas pessoas que acionaram a concessionária SPMAR – que administra esse trecho do Rodoanel – e a polícia.
Havia uma suspeita de bomba na cabine, mas o artefato não tinha material explosivo. No entanto, antes mesmo da chegada do esquadrão antibomba, o grupo desamarrou o motorista e viu que havia um fio preso a ele que o ligava aos artefatos, que estavam embrulhados em papel alumínio. Eles não mexeram no material e acionaram imediatamente as autoridades.
O Centro de Controle Operacional da concessionária SPMAR, que administra esse trecho do Rodoanel, informou que recebeu às 5h25 o chamado de um usuário, que tinha saído do Acre em direção a São Bernardo do Campo, contando que tinha sido vítima de roubo e sequestro.
O motorista ficou, então, imóvel, de braços cruzados, dentro da cabine da carreta, por mais de quatro horas, até a chegada do Gate. Por volta das 8h, um helicóptero Águia, da Polícia Militar, chegou ao local levando integrantes do esquadrão antibomba.

Motorista de carreta deixa veículo atravessado no Rodoanel em Itapecerica, na Grande SP. Foto: Reprodução
Por volta das 9h, o motorista foi retirado do veículo e levado muito abalado ao hospital, mas sem lesões. Como a presença de explosivos foi descartada, o caminhão foi removido para uma pista lateral, e o tráfego de carros acabou sendo liberado em seguida.
A carreta estava parada no trecho entre as rodovias Régis Bittencourt e Imigrantes no sentido Rodovia Presidente Dutra. O Rodoanel chegou a ser completamente interditado neste ponto, mas foi liberado pouco depois das 10h. O trânsito no outro sentido chegou a se bloqueado, mas já foi liberado também. Por volta das 10h30, a carreta foi removida.
No entanto, ainda há reflexos no trânsito: são ao menos 40 km de congestionamento no local.
O Rodoanel é um importante anel viário que contorna o entorno da capital paulista e passa por cidades da Grande SP conectando algumas das principais rodovias de São Paulo, como Imigrantes e Anchieta (que levam ao litoral do estado e ao porto de Santos), Régis Bittencourt (que vai no sentido Curitiba), Dutra (que leva ao Rio de Janeiro), Bandeirantes, Anhanguera e Castelo Branco (em direção ao interior paulista), e Fernão Dias (que segue no sentido Minas e está parcialmente conectada ao anel viário).

Esquadrão antibomba
O Centro de Controle Operacional da concessionária SPMAR, que administra esse trecho do Rodoanel, informou que recebeu às 5h25 o chamado de um usuário, que tinha saído do Acre em direção a São Bernardo do Campo, contando que tinha sido vítima de roubo e sequestro.
Segundo a Artesp, o motorista teria relatado que os criminosos teriam colocado explosivos no veículo e o instruído a não sair do veículo e a deixá-lo atravessado no meio da pista. Não se sabe se o caminhão transportava alguma carga.
O vidro do para-brisa do veículo está quebrado e teria sido atingido por uma pedra jogada por criminosos.
O motorista ficou, então, imóvel, de braços cruzados, dentro da cabine da carreta, por mais de quatro horas, até a chegada do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), que é o esquadrão antibomba da Polícia Militar.
Por volta das 9h15, um policial do Gate, vestindo uma roupa especial antibomba, se aproximou do motorista, que aparentava estar muito abalado e tinha um fio vermelho amarrado ao corpo que estaria conectado aos artefatos.
Após conversar com o policial, o motorista desceu da cabine do caminhão e caiu no asfalto desmaiado. Ele foi, então, carregado desacordado por policiais e levado em uma maca da concessionária. Um cão da polícia foi usado para farejar os artefatos.

Imagens da PM mostram artefatos dentro da carreta que está atravessada no Rodoanel. Foto: Reprodução
A Polícia Militar chegou a suspeita de outra possibilidade: a de o motorista ter tido um surto psicótico.
Dois helicópteros Águia também prestaram apoio à operação, além de bombeiros e policiais rodoviários.
O caminhão é da transportadora Sitrex, que já foi procurada pela TV Globo, mas ainda não havia dado retorno até a última atualização desta reportagem.

Motorista com suposto artefato explosivo colocado dentro do caminhão que fecha o Rodoanel Mario Covas nessa quarta (12), na altura de Itapecerica da Serra, na Grande SP. Foto: Reprodução
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Acre
Relatório na COP30 denuncia: Comando Vermelho usa fazendas do Acre como base para tráfico internacional
Documento revela que áreas rurais do estado viraram centros de grilagem, depósito de drogas e lavagem de dinheiro do garimpo; rotas ilegais seguem por rios até Peru e Bolívia

O relatório alerta para a consolidação dessas rotas ilegais que fortalecem a atuação do crime organizado na região. Foto: internet
Um relatório internacional divulgado durante a COP30 em Belém expôs a transformação de áreas rurais do Acre em bases estratégicas do Comando Vermelho para atividades ilegais. O documento “Avaliação da Amazônia 2025: Conectividade da Amazônia para um Planeta Vivo” revela que fazendas e regiões isoladas no estado são utilizadas como depósitos de entorpecentes e pontos de apoio logístico para o transporte de cargas ilícitas rumo às fronteiras com Peru e Bolívia.
A análise detalha como a facção criminosa estabeleceu uma rede que aproveita rotas fluviais e terrestres na tríplice fronteira amazônica para expandir suas operações de grilagem de terras, tráfico de drogas e lavagem de recursos obtidos com garimpo clandestino.
De acordo com o estudo, facções como o Comando Vermelho (CV) utilizam fazendas e áreas de difícil acesso no Acre e em Rondônia para estocar drogas e lavar dinheiro por meio da grilagem de terras. A partir desses pontos, a organização movimenta cargas ilícitas que seguem pelas rotas fluviais e terrestres rumo ao interior do país e às fronteiras com Peru e Bolívia, ampliando o poder das facções na região de tríplice fronteira.
O relatório também alerta que as atividades criminosas no Acre e em outros estados amazônicos agravam a crise climática, uma vez que o desmatamento, as queimadas e a contaminação de rios por mercúrio se tornaram parte da estrutura econômica dessas organizações.

O relatório destaca que as rotas ilegais usam rios e estradas que ligam o interior do Brasil às fronteiras com Peru e Bolívia. Foto: ilustrativa
Rotas e atividades ilegais
- Eixo: Rio Branco → fronteiras com Peru e Bolívia
- Transporte: Rios e estradas da tríplice fronteira amazônica
- Lavagem: Recursos do garimpo clandestino
- Impacto: Desmatamento e poluição de rios
Contexto internacional
- COP30: Primeira vez que crime organizado entra na Agenda de Ação do Clima
- Apelo: Maior cooperação internacional e transparência
- Conexão: Reconhecimento do vínculo entre narcotráfico e destruição ambiental
Pela primeira vez na história das conferências do clima, o crime organizado foi incluído oficialmente na Agenda de Ação da Convenção do Clima durante a COP30 em Belém. Um relatório internacional reconhece que o narcotráfico e o crime ambiental são fatores determinantes na destruição da Floresta Amazônica, agravando a crise climática global e afetando comunidades locais.
O documento destaca que as atividades ilegais do Comando Vermelho no Acre e em Rondônia – incluindo grilagem, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro do garimpo – contribuem diretamente para o avanço do desmatamento e a poluição dos rios amazônicos. O relatório pede maior cooperação internacional e transparência nas medidas de enfrentamento às redes criminosas que lucram com a devastação da Amazônia, alertando para a necessidade de políticas integradas que combatam simultaneamente o crime organizado e a crise climática.

Relatório oficial reconhece pela primeira vez que narcotráfico e grilagem agravam crise climática; documento pede cooperação internacional contra redes criminosas. Foto: captada

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